Pela primeira vez, enfrentamos no planeta um calor tão extremo, tão alargado e tão devastador. Agora vi a arder a serra onde cresci, a serra do Louro, em Palmela.
Este não é o primeiro dia. Nem o segundo. Nem o terceiro. Nem o décimo. Mas pode ser o prelúdio para o resto das nossas vidas. Não é o primeiro dia em que Portugal arde. Não é o primeiro dia em que ligamos a televisão e os incêndios em dezenas de localidades diferentes enchem o ecrã, com as línguas de fogo implacáveis a consumirem terras e casas. Não é o primeiro dia em que assistimos a centenas de bombeiros mobilizados e prontos para lutar, a populações num pranto e aos constantes alertas vermelhos, que nos põem o coração nas mãos. Este não é o primeiro dia em que ficamos com raiva ao observar, mais uma vez, os fogos a engolirem um território nacional deixado ao abandono pelo Estado e nas mãos dos poderosos donos do “eucaliptugal”, senhores da indústria da celulose.
Mas esta é certamente a primeira vez que enfrentamos, a nível global, um calor tão extremo, tão alargado e tão devastador. Há uma vaga de calor a correr Portugal, a queimar Espanha e a deixar marcas de estragos em França, na Inglaterra, nos […]