Num artigo publicado em Trends in Biotechnology, cientistas polacos sublinharam a necessidade de a Europa utilizar ferramentas biotecnológicas modernas, como a modificação genética e a edição genética, para garantir a segurança alimentar, especialmente em cenários de ameaça como a COVID-19 e a guerra na Ucrânia. O texto alinha o Pacto Ecológico Europeu, que visa tornar a Europa neutra em termos climáticos até 2050, com os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) das Nações Unidas para 2015.
Um dos objetivos dos ODS é reduzir as perdas e desperdícios alimentares. Os cientistas propõem incorporar nos ODS o fator sustentabilidade, indo além da disponibilidade, acesso, utilização e estabilidade já previstas. Isto envolverá novas soluções na agricultura para melhorar a produtividade e reduzir o desperdício alimentar. Uma das soluções propostas pelos cientistas é a edição do genoma.
As culturas geneticamente modificadas e as culturas com o genoma editado têm o potencial de reduzir a utilização de pesticidas e o seu impacto ambiental, bem como as emissões de gases com efeito de estufa. Com uma alta qualidade nutricional, estas culturas apresentam resistência a doenças, herbicidas e stress. Os peritos salientam que as ferramentas da biotecnologia moderna têm a capacidade de aumentar a produtividade agrícola sem expandir a pegada ambiental.
Todos estes benefícios têm sido corroborados por vários estudos científicos, sendo inegável que as culturas biotecnológicas são um importante contributo para a segurança alimentar e permitem a adaptação das culturas às alterações climáticas. A biotecnologia moderna representa aplicações únicas da ciência que são benéficas para a sociedade e os seus pontos fortes superam os pontos fracos e as oportunidades superam as ameaças.
Contudo, os peritos sublinham que todos estes benefícios só podem ser acessíveis aos agricultores se os governos apoiarem um quadro regulamentar baseado em ciência. Salientam que o pleno potencial da edição genética não pode ser realizado se a Comissão Europeia decidir estabelecer um quadro regulamentar que proíba a utilização da tecnologia.
Os cientistas concluem que os produtos biotecnológicos modernos podem contribuir para a sustentabilidade dos sistemas agro-alimentares, que é um objectivo comum do Pacto Ecológico Europeu e da Estratégia ‘Farm to Fork’, e exortam os decisores políticos a agir em conformidade para enfrentar os desafios urgentes da segurança alimentar, apoiando programas que promovam a resiliência a longo prazo.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.