Oídio – como proteger a vinha e garantir uma boa colheita

O oídio pode reduzir o potencial produtivo das vinhas e alterar a qualidade organolética dos vinhos. Mantenha-se vigilante aos sintomas da doença nos períodos de maior sensibilidade da vinha e controle o fungo Uncinula necator de forma preventiva.

O oídio teve origem nos EUA em 1834, chegou à Inglaterra em 1845, invadindo o resto da Europa entre 1847 e 1851. Foi detetado pela primeira vez em Portugal em 1852. Atualmente é a doença mais importante na vinha a nível mundial.

O oídio é uma doença causada pelo fungo ectoparasita Uncinula necator, cujo micélio se desenvolve sobre todos os tecidos verdes da videira (folhas, pâmpanos, inflorescências e cachos). Se não for convenientemente controlado, causa elevados prejuízos na vinha, afetando a quantidade e a qualidade das uvas e as características organoléticas dos vinhos.

Condições climáticas favoráveis

O fungo Uncinula necator desenvolve-se a partir dos 10-12º C, sendo a temperatura ótima por volta dos 25ºC a 28ºC. O tempo quente e húmido, com céu nublado, é uma condição favorável ao desenvolvimento do oídio, bem como as chuvas de Verão, as noites frescas com orvalho e as neblinas matinais.

Sintomas

Folhas – na página superior surgem pequenas manchas descoradas que adquirem um enfeltrado branco acinzentado, dando origem a manchas acastanhadas na página inferior. Quando os ataques ocorrem numa fase precoce, as folhas apresentam-se pouco desenvolvidas e têm aspeto crispado; em ataques intensos as folhas enrolam-se, ficando com aspeto enconchado.

Manchas de oídio nas folhas.

Pâmpanos – adquirem uma tonalidade esbranquiçada ou acinzentada, dando origem a lançamentos crispados, vulgarmente designados por “bandeiras”.

Em ataques intensos de oídio as folhas enrolam-se, ficando com aspeto enconchado.

Inflorescências e bagos – As inflorescências e os bagos apresentam-se cobertos por uma poeira branca acinzentada, verificando-se o posterior dessecamento dos botões florais.  Se os ataques forem intensos, os bagos podem não se desenvolver, acabando por secar. Quando os cachos se encontram mais desenvolvidos e os bagos apresentam maiores dimensões, o micélio do fungo pode colonizar parte ou a totalidade do cacho, cobrindo-o com uma camada pulverulenta que provoca paragem no crescimento da epiderme da zona atacada, podendo originar fendilhamento do bago.

Estragos e prejuízos

Os estragos mais graves ocorrem ao nível dos cachos, mas quando o ataque de oídio é intenso pode também causar necroses e a morte das folhas e dos pâmpanos. Os bagos pequenos secam e caem e num estado mais avançado de desenvolvimento dá-se o seu fendilhamento, abrindo a porta à podridão cinzenta. Os ataques de oídio reduzem o potencial produtivo da vinha e alteram a qualidade dos vinhos, interferindo negativamente nos açúcares, acidez, intensidade da cor e características sensoriais.

Os períodos de maior sensibilidade da vinha ao oídio são a fase de cachos visíveis e entre a pré-floração e o fecho dos cachos.

Estratégia de proteção

A estratégia de proteção da vinha contra o oídio deve ser essencialmente preventiva. É fundamental aplicar medidas culturais que dificultem o desenvolvimento da doença, nomeadamente, condicionar o vigor das videiras e promover o arejamento dos cachos, através de despampas, amparas e desfolhas; destruir e retirar da parcela as varas, folhas e sarmentos da poda com sintomas da doença, evitando a sua disseminação às plantas sãs.

Os tratamentos fitossanitários devem ser realizados de forma preventiva e sempre que se verifiquem condições favoráveis ao desenvolvimento da doença, nos períodos demaior sensibilidade – cachos visíveis e entre a pré-floração e o fecho dos cachos. Deve seguir as recomendações dos Avisos Agrícolas da sua região.

A Syngenta recomenda uma estratégia de controlo do oídio com base nos fungicidas Thiovit Jet    (das 2 – 3 folhas livres até aos cachos visíveis), Topaze (das folhas separadas até à plena floração) e Dynali (das folhas separadas até ao bago de chumbo).

O artigo foi publicado originalmente em Alimentar com inovação.


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