Onda de calor em Espanha “foi a mais intensa” de sempre e hectares ardidos nos incêndios atingiram “recorde anual”

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A onda de calor de 16 dias que assolou Espanha entre 3 e 18 de agosto “foi a mais intensa desde que existem registos” no país, adiantou a Agência Estatal de Meteorologia espanhola (AEMET) este domingo, numa publicação na rede social X (antigo Twitter).

De acordo com dados provisórios, a recente onda de calor “teve uma anomalia de 4,6 graus Celsius e supera a de julho de 2022”, que tinha sido a mais intensa até agora, “com uma anomalia de 4,5°C”, avança a AEMET. As temperaturas atingiram os 45ºC em algumas regiões de Espanha.

O calor extremo criou condições favoráveis para a deflagração de incêndios florestais, que só nas últimas semanas queimaram perto de 400 mil hectares — um recorde anual no país, segundo os dados, ainda provisórios, do Sistema Europeu de Informação sobre Incêndios Florestais (EFFIS), que tem registos comparáveis desde 2006.

Ainda assim, e segundo a diretora-geral da Proteção Civil espanhola, a boa notícia é que “o pior já passou”. Estas foram as palavras de Virginia Barcones em declarações à estação de televisão TV este sábado. “Precisamos de fazer um último esforço para pôr fim a esta situação terrível”, o fim está “cada vez mais próximo”, acrescentou.

A maioria dos focos de incêndio continua localizada nas províncias de Leão, Zamora e Palença, no noroeste. Entre os incêndios considerados mais graves estão os de Fasgar, Anllares del Sil, Llamas de la Cabrera, Barniedo, Cardaño de Arriba, Gestoso, La Baña e Colinas del Campo de Martín Moro, em Leão, juntamente com o de Porto, em Zamora.

Espanha é o país da União Europeia com a maior área ardida este ano até agora — quase 40% do total de território queimado na UE até então — e há registo de, pelo menos, quatro mortes. Centenas de pessoas foram retiradas das suas casas, sendo que muitos moradores já conseguiram regressar nas últimas 48 horas.

O Governo espanhol ativou em 11 de agosto o mecanismo europeu de proteção civil para solicitar meios internacionais e recebeu ajuda de nove países da UE, naquele que é o maior contingente de ajuda internacional que já chegou ao país desde 1975, referiu a Proteção Civil espanhola.

4 das 5 ondas de calor mais intensas ocorreram desde 2019

Perto de 1150 mortes em Espanha foram atribuídas às altas temperaturas durante aqueles 16 dias, de acordo com estimativas do Instituto de Saúde Pública Carlos III, que monitoriza diariamente a mortalidade no país, divulgadas no início da semana.

Os episódios de ondas de calor, alerta a agência estatal meteorológica espanhola na mesma publicação no X, estão a tornar-se mais intensos e frequentes nos últimos anos devido às alterações climáticas.

“Desde 1975, foram registadas 77 ondas de calor na Península e nas Ilhas Baleares, das quais seis tiveram uma anomalia de 4°C ou mais. Cinco delas ocorreram desde 2019. O facto de quatro das cinco ondas de calor mais intensas terem ocorrido desde 2019 não é coincidência”, adverte a AEMET.

Adicionalmente, “dos 20 períodos mais quentes” registados em Espanha “cinco correspondem à recente onda de calor” que se verificou neste mês e os restantes “15 ocorreram desde 2022”. Agosto está a tornar-se mais quente também: “Quatro dos cinco agostos mais quentes foram os últimos quatro. O outro corresponde ao histórico verão de 2003”.

A agência refere ainda que “nem todos os verões serão mais quentes do que o anterior, mas a tendência para verões mais extremos é clara”. E as chaves são a “adaptação” e a “mitigação das alterações climáticas” causadas pelo Homem.

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