ONG alerta para fome em Moçambique e defende que ministro deve pedir desculpas

O Centro para a Democracia e Desenvolvimento (CDD), organização não-governamental (ONG) moçambicana, defende que o ministro da Agricultura, Celso Correia, deve “pedir desculpas” aos moçambicanos, sobretudo aos milhões que “passam fome”.

É a segunda posição que contraria o ministro, depois de a fundação de Graça Machel (Fundação para o Desenvolvimento da Comunidade, FDC) já o ter feito na sexta-feira, num comunicado que diz que se morre de fome no país.

Em causa estão declarações feitas por Celso Correia na quarta-feira, após um encontro com a Organização das Nações Unidas para a Alimentação e Agricultura (FAO), em Roma, dizendo que “90% da população tem alimentação segura, ou seja, já consegue ter três refeições por dia” e que Moçambique está fora da lista dos países em risco de fome.

Segundo o CDD, a afirmação é “um insulto aos milhões de moçambicanos que não sabem o que vão comer no dia seguinte”.

A organização considera “absurdos” os dados apresentados pelo ministro e cita os dados divulgados por agências das Nações Unidas entre 2019 e 2021: 40% da população moçambicana (ou seja, 12,6 milhões de pessoas) “têm pouco ou nenhum acesso a alimentos, enfrentando fome aguda e desnutrição”.

Além disso, 60% da população vive com menos de 1,80 euro por dia, nota o CDD.

“O facto de fontes oficiais apresentarem dados absurdos sobre o assunto é bastante preocupante, mas não é surpreendente”, acrescenta, realçando que “são poucas as bases de dados oficiais fiáveis e atualizadas em Moçambique”.

“Por exemplo, quem entra na página do Ministério da Agricultura e Desenvolvimento depara-se apenas com dados sobre a segurança alimentar de há mais de cinco anos”, detalha a organização.

O CDD conclui referindo que a insegurança alimentar “é um problema sério” e, ao ser subestimado, isso “só vai impedir o desenvolvimento de políticas e programas eficazes” para a combater.


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