Cerca de 1,4 milhões de crianças com menos de 5 anos sofrem de desnutrição no Sudão do Sul devido a inundações, conflitos tribais e falta de alimentos, alertou hoje a organização Save the Children.
Numa declaração citada pela agência de notícias Efe, a organização não-governamental (ONG) exortou a comunidade internacional a “não ignorar” a situação no país mais jovem do mundo, que está “a sofrer a sua pior crise de fome” desde a independência do Sudão em 2011, com “um número crescente de crianças em risco diário de desnutrição, doenças e mordidas de cobra”.
“A situação deteriorou-se nos últimos meses com mais de 615.000 pessoas afetadas pelo quarto ano consecutivo de inundações em grande escala, que destruíram casas, culturas e levaram a um aumento da malária e das picadas de cobras, especialmente entre mulheres e crianças”, acrescentou.
Esta situação, prosseguiu, junta-se à deslocação de milhares de pessoas devido ao conflito armado que tem afetado o país desde 2013, bem como à crise económica provocada pela desvalorização da moeda local em 40% e ao aumento dos preços dos alimentos devido à guerra na Ucrânia.
“O Sudão do Sul enfrenta agora uma das piores emergências de insegurança alimentar do mundo… A primeira geração de crianças do Sudão do Sul está agora a crescer e não podemos falhar-lhes, permitindo que se torne uma crise esquecida”, disse Jib Rabiltossaporn, diretor da Save the Children no país africano.
Advertiu que o jovem Estado “está entre os cinco países mais vulneráveis do mundo às alterações climáticas” e instou os líderes que vão reunir-se em novembro no Egito na cimeira COP27 a “aumentar os compromissos financeiros para ajudar as comunidades e crianças vulneráveis a enfrentar e recuperar de catástrofes e choques climáticos como os que se verificaram no Sudão do Sul”.
“Em particular, os líderes devem criar um novo mecanismo de financiamento climático para lidar com a experiência de perdas e danos”, salientou.
A Autoridade Intergovernamental para o Desenvolvimento (IGAD), um bloco económico de oito nações africanas, afirmou em julho passado que mais de 50 milhões de pessoas irão sofrer este ano “altos níveis de insegurança alimentar aguda” em sete países da África Oriental, incluindo o Sudão do Sul.
A Organização para a Alimentação e Agricultura (FAO) e o Programa Alimentar Mundial (PAM) advertiram em março que mais de 18 milhões de sudaneses estão em risco de fome este ano, o dobro do que em 2021, devido à crise económica interna, a uma fraca colheita e às consequências da guerra na Ucrânia.
Apesar das suas grandes reservas petrolíferas, o Sudão do Sul, com uma população de cerca de 12 milhões, é um dos países mais pobres do planeta, e sofre de conflitos intercomunitários contínuos sobre recursos naturais como a terra, a água e o gado.