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Os guardiões das florestas

O Programa Nacional de Ação entrou em consulta pública esta semana. O engenheiro do Território Filipe Beja sublinha que é preciso pensar na prevenção de incêndios, alterar o paradigma do investimento e atrair guardiões para a floresta

O Programa Nacional de Ação foi aprovado dia 4 de março, em Conselho de Ministros dedicado às florestas e está agora em consulta pública para receção de contributos. Apesar de se tratar de uma consulta não obrigatória, trata-se de mais um momento de auscultação e envolvimento. A profundidade, a complexidade e a exigência dos desafios que o território nos impõe a todos manterá a necessidade de mobilização e participação alargada.

Apesar da redução de mais de metade do número de fogos e da área ardida entre 2018 e 2020 relativamente à média registada dos últimos 10 anos, não nos deixemos iludir, o trabalho mais difícil persiste. É necessário tratar 1,2 milhões de hectares em 10 anos e a quase duplicação de esforços da área tratada (73 mil hectares) pelo Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas, Rede Elétrica Nacional e Infraestruturas de Portugal tem necessariamente de ser complementada com o trabalho das autarquias, sociedade civil e privados. Nesta mobilização acredita-se que a remuneração dos serviços de ecossistemas será parte da solução. Não é por acaso que os vários parceiros do setor recorrentemente mencionam esta ambição.

A energia que temos de mobilizar é uma constante – não se inicia agora. Como dizia Miguel Esteves Cardoso o “Começar é fácil. Acabar é mais fácil ainda.”, por isso, o mais difícil é mesmo “manter”. O desejo de “manter” exige tropa que seja o fiel guardião das iniciativas que agora se materializam. Para que este plano não seja uma paixão de verão, precisamos de quem alimente essa paixão e a transforme em amor. É por isso que a reforma da floresta é tão difícil, não se começa do zero.

A prevenção de incêndios precisará de guardiões e a alteração do paradigma do investimento na prevenção será tanto mais eficaz quanto mais se salvaguardar a utilidade pública e a eficiência dos cerca de 7.000 milhões de euros previstos para as florestas até 2030.

* Filipe Beja é engenheiro do Território

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