A subida do custo da habitação espoletou todos os disparates, em matéria dos atropelos à sustentabilidade ecológica da paisagem.
Os incêndios rurais que têm aumentado progressivamente em Portugal, sobretudo desde a década de 80, mas, mais dramaticamente, na última década, mostram como as más decisões, em matéria de ordenamento do território, têm consequências de longo prazo e a sua reversão é difícil e tremendamente onerosa. Foi assim que a desamortização dos baldios promovida desde a Revolução Liberal, no séc. XIX e durante a I República e as políticas públicas desencadeadas pelo Estado Novo, encheram o país de pinhais bravos, primeiro e, mais tarde, de eucaliptais, com duas das espécies mais inflamáveis entre as que temos ao nosso dispor.
A escola de arquitectura paisagista portuguesa, tendo com Ribeiro Telles o seu principal divulgador, cedo alertou para a gravidade destas decisões, cujas repercussões estamos a viver, nomeadamente no que toca ao abandono do espaço rural, perda de vidas e despesas em combate a incêndios, com uma intensidade que agora lamentamos.
Do mesmo modo, antevê-se a continuação da catástrofe ampliada a partir dos anos 90, com o aumento da edificação em áreas impróprias. Estão neste caso os leitos de cheia, as zonas sensíveis do litoral, os solos que podem assegurar a nossa subsistência ou as matas que constituem reservas genéticas importantes e nos asseguram a água e a qualidade do […]