Em torno do projecto Die Gemeinschaft está a nascer uma comunidade de chefs e produtores que, juntos, fazem a nova cena gastronómica berlinense.
Saímos de Berlim e percorremos cerca de 40 quilómetros em direcção ao Sul. Quando Maria Gímenez nos recebe em Wilmars Gaerten, temos alguma dificuldade em perceber exactamente onde estamos. A propriedade é enorme – 24 hectares –, há obras de arte espalhadas pelo parque, uma cegonha no topo de uma torre, um castelo que serviu de orfanato durante os tempos da RDA, e a história, que Maria entretanto nos conta, do duque Fritz von Schwerin, que começou a “coleccionar árvores quando tinha 15 anos”, e há 150 anos aqui plantou estas, que agora morrem de sede.
“Temos floresta na propriedade, mas esta é uma região super-seca. Brandemburgo é um deserto, não há chuva”, explica Maria. Para o provar, despeja um pouco de água sobre a terra. O líquido escorre sobre a superfície dura, sem penetrar no solo. Há cinco anos, quando o sogro, um galerista que procurava um sítio pacato e há duas décadas se encantou com esta propriedade, lhe perguntou se ela tinha alguma ideia sobre o que fazer aqui, Maria, que é pintora (além de mãe de seis filhos), imaginou um projecto artístico. Mas depois pensou melhor.
“O mundo está a desabar à nossa volta, não há nutrientes suficientes para alimentar as pessoas, as florestas estão a arder”, enumera. “Se eu pinto sobre o apocalipse, isso só toca algumas pessoas.” Começou a perceber que queria fazer mais, que precisava “usar esta terra da melhor forma possível”. Estudou, passou “a ver muitas soluções que […]