Numa Iniciativa que, por razões decorrentes do “alerta amarelo”lançado pela Proteção Civil, teve um caráter simbólico, Os Verdes assinalaram ontem as monoculturas de eucalipto como um dos maiores flagelos para a biodiversidade em Portugal, nomeadamente na região do Médio-Tejo, colocando uma bandeira negra no Vale das Cerejeiras, no Concelho de Abrantes.
Esta Bandeira Negra visou denunciar o papel altamente nefasto para a biodiversidade (com o empobrecimento dos solos, pela incompatibilidade com outras espécies, sejam elas vegetais ou animais, pelas características que têm a nível dos incêndios,entre outras) que tem tido a monocultura de eucalipto no territórioportuguês, não só continental como também o da ilha da Madeira,território no qual se foi paulatinamente expandindo desde os meados dos anos 80.
Segundo o último inventário florestal, concluído em 2019, esta exótica decrescimento rápido foi a espécie florestal que mais cresceu em Portugal, atingindo, em 2015, 845 mil hectares, área que ultrapassava então o limite máximo de 812 mil hectares que a Estratégia Nacional para a Floresta tinha estabelecido para esta espécie até 2030.
Este crescimento foi apadrinhado ao longo dos anos, pelas políticas governamentais do PSD/CDS e do PS, com um único objetivo; servir os grandes interesses económicos da indústria da celulose. E apesar de, em 2015, o PS ter acordado com Os Verdes, no quadro das negociações para o apoio parlamentar do PEV à viabilização de um governo minoritário, a criação de mecanismos legais para pôr um travão à expansão de eucaliptos, e medidas concretas para apoiaras espécies florestais autóctones, a verdade é que tudo fez, desde então, para contornar este acordo, nomeadamente através da publicação da Portaria dos Programas Regionais de Ordenamento Florestal (PROF) – Portaria n.º 18/2022 de 5 de janeiro – que vem permitir o aumento potencial da área de implantação de eucalipto em mais 36 701 hectares em relação à área de 2015.
No momento em que está a decorrer a COP 15 sobre Biodiversidade, em Montreal, no Canadá, o Partido Ecologista Os Verdes (PEV)considera que nunca é de mais relembrar que a monocultura de eucalipto em mancha contínua é um dos maiores flagelos que ameaça a biodiversidade no Distrito de Santarém e em Portugal.
A escolha de Abrantes para colocação desta Bandeira Negra deve-se à forte pressão que o concelho, e toda a região do Médio Tejo,sofrem desde 1985 com os eucaliptos, e quanto esta pressão tem contribuído para os incêndios nesta região, hipotecando o seu desenvolvimento. Na Portaria sobre os PROF publicada em Janeiro de 2022, está previsto o aumento da mancha de eucalipto para o Gavião,Ponte Sôr, Vila do Rei, Mação, Sardoal;Tomar, entre muitos outros.
Ao escolher Abrantes para colocar a Bandeira Negra, Os Verdes também quiseram assinalar, no quadro das comemorações dos 40 anos do PEV, as lutas aqui travadas pelo PEV e com as populações, nos anos 80 e 90, contra a instalação de eucalipto em terras de pinhal, olival e outras produções agro-florestais.