Preocupação com a saúde mental e procura por produtos alimentares com mais valores éticos e capazes de fortalecer laços sociais serão os grandes influenciadores das marcas alimentares, que também estarão mais concentradas em oferecer experiências de compra mais seguras, higiénicas e interativas. Tendências foram apresentadas em webinar promovido pela PortugalFoods.
A pandemia está a redefinir o comportamento humano, o que se reflete também nas escolhas alimentares dos consumidores. Estas alterações são determinantes para o futuro do setor agroalimentar, com a indústria a ter de se alinhar e preparar para responder às tendências de inovação do setor, que giram em torno de três vetores fundamentais para os consumidores: bem-estar, valor e identidade. De acordo com a consultora internacional especializada Mintel – que apresentou hoje aquelas que vão ser as linhas orientadoras da inovação para este ano no webinar Trends 2021, a convite da PortugalFoods, associação cluster do agroalimentar nacional e promotora da iniciativa –, a Covid-19, pelo profundo impacto que tem na sociedade, acelerou exponencialmente as tendências de inovação que se previam para a próxima década. No setor agroalimentar, 2021 já é o futuro.
Para 2021, são identificadas três grandes tendências:
1. Bem-estar | Alimentar a Mente – Nos últimos anos, os consumidores ganharam maior consciência dos cuidados que devem ter com a sua saúde mental e emocional, mas a pandemia trouxe o bem-estar para o centro da vida das pessoas. No futuro, os consumidores irão procurar mais produtos e serviços que ofereçam benefícios concretos para os seus níveis de saúde e bem-estar mental, o que orientará a indústria para abordagens baseadas em psicologia e experiências – e sempre em sintonia com a tecnologia, que orienta e informa consumidores cada vez mais digitais.
- Novas receitas vão expandir as atividades de alívio do stresse: Produtos serão criados para valorizar as atividades de lazer e de descompressão, seja ver televisão ou meditar. Elementos sensoriais como perfumes e ingredientes funcionais serão utilizados para adicionar experiências reais a eventos virtuais – como snacks energéticos para consumir durante um videojogo ou bebidas perfumadas para bebericar enquanto se acompanha um tutorial de meditação.
- Preocupação com saúde mental acelera produtos alimentares conscientes e intuitivos: Sensibilizados pelo contexto pandémico, os consumidores vão fazer compromissos mais sérios para reduzir os riscos para a saúde, preferindo alternativas alimentares mais saudáveis, mais conscientes e intuitivas – quer física, quer mentalmente. Assim, mais marcas vão posicionar-se neste campo, ajudando os consumidores a fazerem melhores escolhas, facilitando, por exemplo, a redução do consumo de álcool; ou sublinhando a densidade nutritiva dos seus produtos, um conceito-chave para a chamada alimentação intuitiva que privilegia alimentos com um rácio muito elevado de nutrientes benéficos, em comparação com as calorias.
2. Valor | Qualidade redefinida – Motivados pelo ‘choque pandémico’, os consumidores estão a procurar um regresso ao essencial, focando-se na redução do consumo e em encontrarem mais valor acrescentado nas suas compras. Poupança de tempo, segurança alimentar e conveniência nos produtos alimentares e na restauração serão cruciais. O foco dos consumidores em garantirem mais valor vai motivar as empresas a serem mais transparentes sobre a política de preços e a darem mais detalhes acerca dos ingredientes e processos.
- Expectativas éticas aceleram ‘valor com valores’: A Covid-19 expôs a necessidade de, enquanto sociedade, nos apoiarmos uns aos outros. As marcas e os retalhistas têm, agora, a oportunidade de lançarem produtos com preços alinhados com declarações éticas e ambientais – produtos de ‘valor com valores’. Uma das prioridades será criar produtos nutritivos e saudáveis com preços acessíveis. Esta tendência também permitirá às empresas aumentarem moderadamente os preços se explicarem como tal subida está relacionada com a oferta de qualidade, segurança e responsabilidade corporativa.
- Experiência no retalho evolui: A pandemia traz novos requisitos em termos de higiene e segurança, especialmente no que diz respeito ao retalho e à restauração. Os consumidores vão exigir inovações ‘sem toque’, incluindo carrinhos de compra inteligentes ou embalagens que limitem o contacto direto com as mãos durante o momento de consumo. Adicionalmente, e à medida que os mercados vão recuperando, os consumidores estarão mais abertos à conveniência experiencial: optando por modelos híbridos de compra (online e offline), que informem e entretenham ao mesmo tempo.
3. Identidade | Unidos pela comida – Reconhecida a importância das relações sociais, os consumidores irão organizar-se em comunidades (tanto digitais como físicas) para socialização. O setor agroalimentar e a restauração podem tirar vantagem do facto de serem percecionados como indústrias que constroem laços e promovem entidades comuns, baseadas em sabores e gastronomia. Assim, as marcas vão ativamente construir redes online de consumidores e organizar encontros presenciais (à medida que as restrições forem sendo levantadas) – e que não tenham apenas como fim a degustação, mas possam inclusivamente promover causas.
- Criação de comunidades onde os consumidores podem estabelecer novas ligações: Os consumidores vão querer criar relações autênticas com outras pessoas que partilham os mesmos valores e gostos – como já acontece em áreas como o desporto, vestuário e eventos culturais, que criam comunidades de pessoas que celebram paixões comuns. Seguindo o exemplo, o setor alimentar pode promover espaços virtuais que, além de plataformas de ecommerce, apresentem fãs de marcas uns aos outros e onde podem ser partilhadas, de forma dialogante e independente, receitas, dicas e outras informações. Fatigados pelo confinamento e pelos ecrãs, os consumidores também estarão sedentos de oportunidades de socialização autênticas, pelo que será vital para as marcas a criação de espaços comuns onde possam – de forma segura – reunir e formar ligações fortes.
- Social ecommerce pode capitalizar com a comunidade: O comércio online interativo é uma ferramenta para a união das pessoas. Nesse sentido, as marcas agroalimentares podem adotar modelos de social ecommerce, nos quais a experiência de compra online é partilhada com outros compradores e amigos. Estas plataformas replicam as experiências de consumo ‘reais’ e promovem oportunidades de negócio diferenciadas (por exemplo, descontos específicos para determinados grupos de consumidores). Este modelo online pode ser expandido para eventos presenciais, para os quais grupos de fãs selecionados são convidados a receberem edições limitadas de compras feitas online ou a experimentarem menus em momentos de confraternização (segura).
Também o setor das “flores de corte e plantas ornamentais” foi apoiado com a criação de uma linha de crédito a juros bonificados no valor de 20 milhões de euros. Por sua vez, no âmbito do Programa Operacional das Frutas e Hortícolas, foi alargada a medida de Retiradas de Mercado, específica os frutos de pequena baga, com o apoio de 40% do valor médio nos últimos cinco anos. No âmbito do FEADER, foi lançado um pacote, no valor de 12,2 milhões de euros, para apoiar o setor das aves e dos ovos – 7,1 milhões de euros; da carne de suíno – 2,9 milhões de euros; e do setor do leite de pequenos ruminantes – 2,2 milhões de euros.
Live: Tendências de Inovação para o setor agroalimentar em 2021