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Pandemia só veio agravar prejuízos com fogos de 2017

Oliveira do Hospital Produtor de queijo Serra da Estrela estava, aos poucos, a retomar a produção, mas já parou.

Ainda mal refeito de uma contrariedade, Paulo Figueiredo, produtor de Queijo Serra da Estrela em Oliveira do Hospital, já tem de enfrentar outra. O produtor teve prejuízos na ordem dos 200 mil euros com os incêndios de outubro de 2017 e, quando estava a retomar a produção a 100%, viu-se obrigado a parar por causa da pandemia da Covid-19. Sem fazer grandes planos para o futuro, Paulo pensa “um dia de cada vez”, mas garante que muitos produtores vão ter de encerrar o negócio.

“É um azar em cima do outro. Ainda estou a reconstruir, aos poucos, as instalações depois dos incêndios, porque os apoios não chegaram. Agora tenho esta situação”, lamenta Paulo Figueiredo. Os clientes que tem na restauração e pastelarias estão fechados, o cliente que tem fora da região (a Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau) também tem as portas encerradas, e o produto torna-se difícil de escoar. Já teve de reduzir os funcionários neste período e não sabe como fazer frente às despesas. “O produto não escoa, mas temos custos fixos, de combustíveis para as máquinas, de funcionários e contas para pagar”, lembra.

O produtor recorda que o último Natal ainda teve uma produção muito baixa, decorrente dos prejuízos dos incêndios e que em 2020 é que estava a retomar em força. “Estava a contar com a Páscoa, mas deu-se essa situação. Para piorar, Oliveira do Hospital e Fornos de Algodres foram os únicos concelhos da região que não tiveram Feira do Queijo, uma vez que seria na altura posterior a ser decretado o Estado de Emergência”, lembra.

Para atenuar, a Câmara Municipal de Oliveira do Hospital, em conjunto com a Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra e o Ministério da Agricultura lançaram uma Feira do Queijo online. Paulo considera uma boa iniciativa e uma porta que se abre, mas não tem o mesmo efeito.

Paulo Figueiredo lamenta que o Estado não olhe com a devida atenção para o setor primário. “A marca Queijo Serra da Estrela não é nossa, é do Estado. Para o produzirmos temos de pagar, mas o Ministério quer promover a marca sem dar o devido valor a quem faz o produto”, entende, mostrando-se reticente com os apoios estatais que possam vir no seguimento da pandemia. “Basta olhar para o que aconteceu na altura dos incêndios, foi muita parra e pouca uva”, considera.

No negócio há 18 anos, embora este já seja pertença da família há mais de três décadas, Paulo Figueiredo não sabe, de todo, como será o futuro do setor.


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