Um dos maiores problemas do sector é ainda o facto de os bombeiros estarem mal distribuídos pelas zonas do país: há a mais nuns sítios e a menos noutros. Este é o retrato de quem zela por nós no combate às chamas
O pagamento dos bombeiros portugueses é feito consoante o seu grau de profissionalização. No caso dos bombeiros voluntários, que não são assalariados, o Governo decidiu aumentar de 57 para 61 euros o valor diário a pagar àqueles que integram o Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais.
No entanto, António Nunes diz que essa é uma forma enviesada de ver a situação. É que um bombeiro voluntário não ganha 61 euros por um dia de trabalho normal. Ao invés disso, 61 euros é o máximo que pode receber num dia. Ou seja, esse operacional só receberá os 61 euros caso trabalhe as 24 horas do dia, algo que, naturalmente, não acontece.
“Os bombeiros voluntários não recebem salário. Têm uma compensação diária que corresponde a 24 horas de trabalho. Se eu só fizer 12 horas só sou compensado pelas 12 horas”, afirma, explicando que o salário por hora ronda os 2,5 euros por hora.
Salários diferentes têm os bombeiros sapadores e os bombeiros municipais, corporações consideradas profissionais e que recebem de acordo com a sua categoria. Segundo o documento que prevê os salários da Administração Pública para 2022, um bombeiro sapador entra a ganhar 960,98 euros brutos por mês, salário que vai evoluindo de acordo com as diferentes categorias e que pode chegar aos 3.778,97 euros brutos em topo de carreira, que nos sapadores será o cargo de comandante de regimento ou de batalhão.
Já nos municipais o topo de carreira dará direito, num corpo de bombeiros de categoria 3 ou 4, a uma remuneração de 3.023,18 euros brutos. Todos os bombeiros municipais que estejam abaixo de cargos de comando estão, desde maio deste ano, equiparados aos salários dos bombeiros sapadores.
Sobre estes valores, António Nunes assume que são baixos mas vê este como um problema da sociedade e não da profissão: “Os polícias e os professores também ganham mal”, refere, apontando que nunca poderia ser apenas esta classe a ser aumentada pelo Estado.
“Os salários são sempre relativos. Não podemos pagar mais a um bombeiro que a um polícia ou a um GNR. Portugal tem salários baixos, mas tem salários baixos em todas as categorias”, acrescenta.
A mais nuns sítios, a menos noutros
Segundo o relatório do Tribunal de Contas, o financiamento dado aos bombeiros portugueses não garante “níveis mínimos” em todo o país. No entanto, o presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses garante à CNN Portugal que a força existente é suficiente para garantir a segurança da população, ainda que por estes dias não chegue para todas as ocorrências. “Se falarmos de terça e quarta-feiras desta semana, esta força é insuficiente. Se fizermos um rácio por […]