Para os agricultores, a ministra é “um maestro de costas para a orquestra”

Os agricultores vão continuar a sair à rua para exigir a demissão de Maria do Céu Antunes e a revogação de políticas controversas, mas há problemas no setor que exigem uma reestruturação mais profunda.

Um Ministério da Agricultura e da Alimentação “desmembrado, desarticulado e desnorteado”, que “aplaude de cada vez que se lhe corta o membro”, atira “areia para os olhos” dos agricultores, tenta “tapar o sol com a peneira” e é “incapaz de reivindicar o papel da agricultura no País”.

É com estas palavras que Eduardo Oliveira e Sousa, presidente da Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) e principal porta-voz das manifestações do setor contra o Governo descreve a atuação da ministra Maria do Céu Antunes, cuja postura perante o pelouro resume desta forma: “É um maestro que está de costas para uma orquestra em que metade dos músicos não tem instrumentos, e a outra metade tem pautas diferentes – o resultado é que a música não presta”.

Foi a este ritmo que a Confederação, que representa associações de agricultores de todo o País, convocou manifestações com “uma adesão extraordinária” que paralisaram as cidades de Mirandela, na passada quinta-feira, e Castelo Branco, na segunda, reunindo em cada uma cerca de 2.000 profissionais de um setor que sentem negligenciado por um ministério manchado por sucessivas demissões, cargos por preencher, decisões controversas e falta de transparência.

Seguem-se manifestações semelhantes em Portalegre, a 9 de fevereiro, Beja, “a 23 ou 24” do mesmo mês, Caldas da Rainha “no início de março, em representação do Ribatejo e Oeste” e, “se a situação não se resolver até lá, também em Lisboa”, diz o presidente da CAP.

Em causa, estão erros do ministério como a nomeação de Carla Alves a secretária de Estado da Agricultura, que se demitiu passadas 26 horas depois de vir a público que o seu marido, ex-autarca da câmara de Vinhais, é arguido por corrupção num caso que envolve contas arrestadas do casal – uma demissão que deixa o País há semanas sem ocupantes tanto para a Secretaria de Estado quanto para a Diretoria Regional de Agricultura e Pescas do Norte, o cargo anteriormente ocupado pela ex-secretária demissionária – mas também medidas tidas como mal-concebidas e que, nas palavras de Oliveira e Sousa, “podem originar perdas financeiras para todo o País”.

Uma delas é […]

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