O conhecimento dos portugueses em matéria de azeite não acompanhou a revolução qualitativa que se deu no sector. Há muito a fazer para inverter este cenário. E os cozinheiros podem dar um contributo válido.
Nos últimos 30 anos, Portugal passou por uma revolução na qualidade dos azeites equivalente à que ocorreu nos vinhos. Investiu-se em lagares e olivais. Enfiaram-se certas tradições nos arquivos. Formaram-se técnicos. Criaram-se regiões com denominação de origem protegida (DOP). Filhos de agricultores investiram nos olivais herdados e aumentaram a área de produção. Apareceram painéis de provadores e laboratórios credenciados. Afirmaram-se quatro concursos nacionais. Os prémios nos concursos mundiais já são uma trivialidade. Investiu-se na imagem das garrafas. Surgiu um Centro de Estudos e Promoção do Azeite do Alentejo. Organizaram-se colóquios sem fim. José Baptista Gouveia, um dos mentores desta revolução, mas cujo nome nada diz aos senhores das Ordens Honoríficas Portuguesas, continua a formar provadores e a percorrer o país de Trás-os-Montes ao Alentejo. Nasceram lojas especializadas. O Alentejo transformou-se num mar de oliveiras e, todavia, os consumidores aplicam ao azeite o péssimo ditado que se usa para o bacalhau. Neste caso: “para quem é azeite basta”.