Parlamento volta a debater a crise na viticultura no Douro. CNA é ouvida esta terça-feira na Comissão de Agricultura

Vinhas
O Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) anunciou um corte no quantitativo do vinho a beneficiar para as 75 mil pipas, menos 15 mil pipas que em 2024 (menos 17%).

O anúncio feito na última semana por parte do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP) de um novo corte no quantitativo do vinho a beneficiar em 2025, para as 75 mil pipas, menos 15 mil pipas que em 2024 (menos 17%), e menos 41 mil pipas que em 2022 (menos 35%), vai “agravar a crise” na Região Demarcada do Douro (RDD).

A Confederação Nacional da Agricultura (CNA), que é ouvida nesta terça-feira, 22 de julho, na Comissão de Agricultura e Pescas da Assembleia da República, considera que os pequenos e médios viticultores são os mais penalizados. “Este corte [no benefício] significa mais uma machadada nos seus rendimentos, levando a situação desesperada de muitos produtores para lá do suportável”, dizem.

Na audição no Parlamento, a CNA aborda “as extremas dificuldades vividas particularmente pelos pequenos e médios viticultores durienses” e transmite aos deputados as suas propostas e reclamações, “apelando a que o Parlamento possa contribuir para a resolução da crise em curso na Região”.

A delegação da Confederação é composta por Pedro Santos, da Direção da CNA, Berta Santos, da Comissão Permanente do Conselho Nacional da CNA, e Vítor Herdeiro, que é viticultor, presidente da AVADOURIENSE e membro da Comissão Permanente do Conselho Nacional da CNA.

“Favorecer o desequilíbrio”

O corte – para as 75 mil pipas – no quantitativo do vinho a beneficiar em 2025 acontece “depois de grandes operadores da região terem enviado cartas aos viticultores avisando que não receberão as uvas”, refere a CNA, frisando que esta redução “afeta os cerca de 20 mil viticultores da região”.

Tudo isto num contexto em que “se mantém a prática injusta que faz com que muitos viticultores entreguem as uvas sem saberem quanto vão receber por elas, quando a situação de muitas adegas é de crise acentuada e de falta de capacidade de armazenamento e no decorrer de uma campanha com custos de produção acrescidos”.

vinho
O setor da vinha e do vinho “atravessa um dos momentos mais desafiantes da sua história recente, num contexto global marcado por profundas transformações”, diz o IVDP.

Para a CNA e a AVADOURIENSE toda a situação “põe em evidência o desastroso resultado da política que continua a favorecer o desequilíbrio de poder de mercado na Região Demarcada do Douro”.

Um “desequilíbrio” que se verifica “entre a produção, a transformação e o comércio e sempre em prejuízo dos produtores e que só favorece a concentração de terras e a produção nas mãos das grandes casas comercializadoras e exportadoras”, dizem estas duas organizações, que criticam o facto de isto permitir que os “viticultores continuem a receber pelas uvas o mesmo preço que há 25 anos, enquanto os custos de produção tiveram subidas vertiginosas”.

No comunicado de vindima para 2025 aprovado na última semana, por unanimidade, pelo Conselho Interprofissional do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto (IVDP), que fixou em 75.000 pipas (550 litros cada) a quantidade de mosto autorizada para a produção de Vinho do Porto, o Instituto, que é liderado por Gilberto Igrejas, não esconde as dificuldades.

IVDP sensível ao problema

O setor da vinha e do vinho atravessa “um dos momentos mais desafiantes da sua história recente, num contexto global marcado por profundas transformações”, diz o IVDP, ciente de que “a área mundial de vinha registou a quarta redução consecutiva, refletindo arranques verificados nas principais regiões produtoras”.

Por outro lado, “o consumo mundial recuou, atingindo mínimos históricos”, mostrando “uma tendência que traduz mudanças profundas nos estilos de vida e nas preferências dos consumidores”.

uvas
A solução encontrada – 75 mil pipas contra as 90 mil pipas de 2024 e as 104 mil de 2023 – “evitou uma redução drástica, tendo como prioridade mitigar o impacto socioeconómico na região e promover a valorização do Vinho do Porto”, garante o IVDP.

A definição da quantidade de benefício para a vindima de 2025 foi antecedida por “um intenso processo negocial entre os representantes da produção e do comércio”, revela o IVDP, adiantando que “as posições iniciais revelavam divergências quanto aos volumes propostos”.

A solução encontrada – 75 mil pipas contra as 90 mil pipas de 2024 e as 104 mil de 2023 – “evitou uma redução drástica, tendo como prioridade mitigar o impacto socioeconómico na região e promover a valorização do Vinho do Porto”, garante o IVDP.

Para mitigar a crise que a Região enfrenta, o Ministério da Agricultura e Mar em articulação com o IVDP, o Gabinete de Planeamento, Políticas e Administração Geral (GPP) e o Instituto da Vinha e do Vinho, delineou um plano apresentado ao CI. O objetivo foi o de “recolher contributos e aprofundar o plano de ações”, com vista à sua posterior aprovação.

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