Até a memória abana
Para começar, há que honrar os pergaminhos históricos e, em particular, o evento que mais abalou Lisboa (e não só). É que neste sábado é dia de Todos os Santos, o que equivale a 270 anos passados desde que o chão tremeu, as águas avançaram e as velas inflamaram a maior das catástrofes. Para perceber como foi, nada melhor do que visitar o Quake – Museu do Terramoto de Lisboa, que com história, ciência e entretenimento explica, ensina e faz sentir, com os seus simuladores, o que aconteceu naquele dia de 1755, além de alertar para sismos futuros.
Abre todos os dias (das 10h às 18h), mas este 1 de Novembro é especial: a experiência fica ainda mais realista graças a sessões únicas e limitadas a 800 bilhetes (28,50€) que contam com a representação de actores trajados à moda de então, bem como “cheiros da época, momentos surpresa e degustações inspiradas no século XVIII”, enumera o museu.
O jurado decide
Quem nunca ficou “agarrado” à barra de um bom drama legal que se acuse — ou ajude a chegar ao veredicto. The Jury Experience é uma trama teatral que vive da intervenção da plateia. Qual jurado convocado para um julgamento fictício, cada espectador entra na sala de audiências para escutar depoimentos (por vezes contraditórios), decifrar expressões, examinar provas e pistas (poucas), assistir a interrogatórios, descortinar motivações, destrinçar qual das versões apresentadas se aproxima mais da verdade e, no final, determinar se a pessoa acusada de homicídio é culpada. Este enredo de paixão, vingança, tensões e segredos desenrola-se em cerca de uma hora de intensa imersão no caso.
A experiência tem-se instalado em dezenas de cidades pelo mundo, incluindo Lisboa (Auditório da Associação Nacional das Farmácias) e Porto (Auditório Francisco de Assis, no Colégio Luso-Francês). As próximas sessões têm lugar, respectivamente, a 13 e 14 de Novembro, às 19h30 e 21h30, com bilhetes de 17€ a 42€. O telemóvel pode e dever entrar: será usado para participar em momentos-chave do julgamento.
Mais uma voltinha
Pode não ter cheiro a sardinha assada e algodão doce, o som dos carrinhos-de-choque, os suspiros espantados do “poço da morte” ou os gritos saídos da passagem do terror, mas encapsula uma das memórias mais acarinhadas da capital — mesmo que a ordem seja (mais ou menos) para sair dali. Estamos numa sala de fuga inspirada na saudosa Feira Popular.
“A feira está vazia e abandonada há muito tempo, mas parece que existe uma réstia de esperança no ar”, explica a Escape Hunt, responsável por esta e outras experiências do género, na Rua dos Douradores. Tudo o que os participantes têm a fazer é decifrar enigmas, no prazo de uma hora. Fica a pista: “percorrendo todas as atracções que ainda restam, é possível encontrar o elemento chave para ligar a feira novamente”. A sala abre todos os dias, a partir das 10h30. Cada “voltinha” custa entre 55€ e 100€.
Pela boca morre o corvo
Uma relação ficcionada entre duas figuras maiores do que a vida e qualquer pena, Fernando Pessoa e Edgar Allan Poe, dá o mote ao espectáculo imersivo A Morte do Corvo, em cena no antigo Hospital Militar da Estrela (Lisboa), entretanto rebaptizado House of Neverless. O espectador entra, circula e interage livremente com as personagens que vai encontrando, rumo a um de dois desfechos possíveis.
É uma criação de Nuno Moreira – também responsável pelo labiríntico E Morreram Felizes para Sempre, que o Hospital Júlio de Matos viu em 2015 – com encenação de Ana Padrão e Bruno Rodrigues. Está em cena à sexta e ao sábado, pelas 21h30, com bilhetes entre 38€ e 60€.
Os cinco (sentidos) no museu
“Não tocar” é aviso que não vai encontrar neste museu. Pôr as mãos em tudo é mais do que estimulado. Isso e meter o nariz, os olhos, os ouvidos e o paladar. Desde o Verão que o coração do Porto é casa do Wondersense Museum, um lugar que troca o scroll infinito pela activação dos cinco sentidos, à escala das salas temáticas que se espraiam por cinco andares de dois edifícios. São mais de mil metros quadrados onde “as linhas entre a realidade e a percepção se desvanecem” e onde “nenhuma visita é igual”, assegura o convite.
Os vários ambientes permitem encostar a pele a diversas texturas, caminhar entre reflexos multiplicados por caleidoscópios, provar drageias com sabores inesperados, activar uma corrente sonora, mergulhar numa piscina de bolas, entrar numa “sala infinita”, testar um labirinto de vozes ou escorregar noutro de insufláveis que transforma “o teu corpo numa peça essencial desta escultura gigante”. Estímulos não faltam. Fica na vizinhança da livraria Lello e da Torre dos Clérigos e está aberto todos os dias, das 10h às 19h, por 17€ a 22€ (grátis até aos quatro anos).
À caça do romance
Ah, Sintra… Esse retiro romântico criado pela visão de D. Fernando II, o “rei artista” a quem devemos o Parque da Pena. Esse nicho que tanto encantou a verve poética de Lord Byron. Esse lugar de neblinas e mistérios. É aqui que se desenrola uma mistura de caminhada, peddy paper, caça ao tesouro e escape room – só que ao ar livre – baseada numa história real (no duplo sentido da verdade e da realeza). O Segredo do Rei começa com a entrega de um mapa e outros objectos — “coisas reais”, que “isto não é uma aplicação!”, salienta a organizadora Mystery City Games — de que os participantes vão precisar para bater calçada, resolver enigmas, resolver o mistério e ganhar um prémio.
O segredo envolve um amor proibido do próprio D. Fernando II. E mais não dizemos. Tudo o que é preciso saber está na mochila. O ponto de encontro é o Bliss Hotel Sintra, onde se recolhe o kit enigmático e de onde se parte para cerca de três quilómetros de aventura “por ruelas escondidas e lugares deslumbrantes”, com passagem pela Volta do Duche, o centro histórico, a Fonte dos Pisões, o Palácio Nacional e os Paços do Concelho. O passaporte, com os materiais incluídos, fica a 22€ para adultos e 12€ para crianças. Há várias sessões à escolha todos os dias, desde as 10h até às 17h. Recomenda-se um impermeável para resistir ao microclima sintrense.
Não acreditamos em bruxas, mas…
Não muito longe dali e também ao ar livre, ergue-se das sombras outra proposta que não tem nada de amores, só terrores. Talhada para os mais corajosos fãs de sustos e do cinema de género (ou quem queira prolongar o espírito do Halloween), Blair Witch – A Maldição envereda por um jogo imersivo inspirado no filme-fenómeno em estilo found footage do fim dos anos 1990.
O desafio é entrar num bosque em busca de três colegas desaparecidos, de preferência sem despertar as presenças malignas que por lá sussurram. O palco dos medos é Sintra, de 4 de Outubro a 15 de Novembro, com bilhetes a 48€ por dez horas (!) de emoções fortes. As Produções Imersivas advertem: “Os bilhetes são extremamente limitados. A maldição não é.”
Proibido não fotografar
Bem mais inofensivo, o 3D Fun Art Museum põe no mapa diversão que encoraja a fotografar tudo. A ideia é mesmo essa: fazer parte de cenários (cerca de 40) que dão a ilusão de estar na boca de um tubarão, na asa de um avião, a dar comida a uma girafa, a ser pisado por uma sapatilha gigante ou a ficar de cabeça perdida e servida numa bandeja. Ideal para toda a família (e para os dias de chuva), tem “delegações” no Funchal, em Lisboa, no Porto e em Portimão. Para enganar o olho, há que desembolsar entre 9€ e 13€; crianças até aos quatro anos não pagam para entrar na brincadeira.