A Agência para a Gestão Integrada de Fogos Rurais (AGIF) considera que a reintrodução do pastoreio no Norte do país pode ser um aliado para evitar incêndios florestais, disse hoje o seu responsável naquela região.
“Trata-se de uma solução inovadora, a partir de práticas ancestrais”, comentou Bruno Antunes, coordenador regional do Norte da AGIF, em declarações à agência Lusa, acrescentando que “um problema pode ser, também, uma grande oportunidade”.
Segundo o responsável, “a pastorícia dá sustentabilidade económica, social e ambiental ao território”, constituindo, por isso, um aliado para diminuir o material combustível em meios rurais e assim evitar a ocorrência de fogos em simultâneo, como ocorre frequentemente na região.
O pastoreio também se pode tornar útil através do pisoteio proporcionado pela presença dos animais em zonas de florestas e de matos, ação contemplada nos 52 projetos de valorização do território na região Norte, na estratégia de Gestão Integrada de Fogos Rurais.
Bruno Antunes lembrou que as aldeias do interior estão cada vez mais despovoadas, com o consequente abandono de terrenos agrícolas, o que tem levado à perda de faixas de proteção, algo que se está a procurar inverter.
A plantação de vinhas é, também, uma solução que está a ser trabalhada, anotou.
A limpeza das florestas continua, entretanto, a ser outro mecanismo a melhorar, a par com as infraestruturas que existem para combate aos incêndios.
“A visão atual não passa apenas por olhar para infraestrutura, mas sobretudo para a gestão da floresta”, referiu, sinalizando o potencial da gestão integrada da paisagem, como aliado contra os fogos rurais, nomeadamente em territórios como o Vale do Ave, onde hoje se realizou, por videoconferência, uma reunião técnica da Comissão Sub-Regional de Gestão Integrada de Fogos Rurais da Comunidade Intermunicipal, na qual participaram representantes de várias entidades.
Atualmente, disse à Lusa, estão a ser trabalhados oito programas sub-regionais, correspondendo às comunidades intermunicipais.
No caso do Vale do Ave, zona de transição entre o litoral e o interior, trata-se de um “território de grande valor”, onde se encontram condições para a ocorrência de grandes incêndios rurais, “num território que não é todo igual”.
Um dos objetivos do trabalho atual, indicou o responsável, é a atuação articulada das várias entidades da região, para evitar a simultaneidade dos sinistros, que muitas vezes leva à rutura dos meios de combate, a qual, destacou, se pretende evitar.