Portugal tem que fazer melhor gestão da água e precisa de medidas estruturais. Há quem questione a aposta estratégica no regadio.
O número é “insustentável” e traduz a real dimensão do actual quadro de escassez de água. “Sempre que há seca entram em média 20 mil pedidos para fazer captação de água subterrânea”, revelou José Pimenta Machado, vice-presidente da Agência Portuguesa do Ambiente (APA), na conferência ‘A Urgência da Água: do Ambiente à Economia’, que decorreu no Pavilhão do Conhecimento em Lisboa, tendo o Jornal Económico como media partner.
A água é a principal fonte de vida e Portugal enfrenta desafios de enorme dimensão no sector, entre os quais se destaca o da gestão. Como afirmou João Dias Coelho, presidente do Grupo de Estudos de Ordenamento do Território e Ambiente (GEOTA): “O que está em causa é a eficiência e a resiliência. A água é um bem escasso e tem de ser bem gerido, não é pela construção, nem pela especulação”. O ambientalista questionou a aposta estratégica no regadio num país que importa a quase totalidade do trigo e do milho que consome e criticou o olival super intensivo que degrada os solos de uma forma absurda – “é isto que andamos a subsidiar com água barata”, afirmou.
Sobre o tema agrícola, Manuela Simões, professora da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa, que trouxe ao fórum a perspectiva das águas subterrâneas, referiu que o país deve percorrer o caminho da diversificação. Arranjar formas de irrigar, mas também pensar na sobrevivência do montado, que desenvolve raízes profundas que ajudam à captação. A chave do futuro? “Temos que procurar o equilíbrio com conhecimento, estudando e partilhando informação”, adiantou.
A agricultura é, de longe, o maior consumidor de água com cerca de três quartos do total. Seguem-se o sector urbano, com uns 14%, e o industrial na ordem dos 11%. […]