Pelo menos seis mortos em ataque a aldeia em Cabo Delgado

e acordo com as fontes, o ataque aconteceu na última semana quando os vítimas estavam trabalhavam nos campos agrícolas de uma aldeia daquele distrito da província.

“Foram mortas seis pessoas na aldeia de Natocua, e depois [os atacantes] saíram”, relataram as fontes.

Além das mortes, os extremistas levaram três rapazes, obrigando-os a mostrar o caminho para Chiúre, distrito vizinho, onde foram atacar o posto administrativo de Chiúre Velho, destruindo um posto policial, decapitando uma homem e levando à fuga de milhares de pessoas nos últimos dias.

“Não mataram [os rapazes], só pegaram para lhes mostrar o caminho de Chiúre e depois dispensaram”, disse a fonte.

A província de Cabo Delgado, situada no norte do país, rica em gás, enfrenta desde 2017 uma rebelião armada, que provocou milhares de mortos e uma crise humanitária, com mais de um milhão de pessoas deslocadas.

O governador de Cabo Delgado, Valige Tauabo, reconheceu hoje à Lusa um recrudescimento da atividade destes grupos nos últimos três meses, mais acentuada desde final de junho, nomeadamente no sul da província, que só nos últimos dias provocaram milhares de deslocados, em fuga para Chiúre e para a vizinha Nampula.

Pelo menos um homem foi decapitado, terça-feira, no posto administrativo de Ocua, levando à fuga da população, disseram hoje à Lusa fontes da comunidade.

“Decapitaram um homem, na zona de produção de Pavala, em Ocua”, disse uma fonte local, a partir da vila sede do distrito de Chiúre, a 30 quilómetros de distância da aldeia atacada, para onde várias famílias fugiram a pé nas últimas horas, enquanto outras vão caminhando para sul, em direção à província vizinha de Nampula, e outras procuram refúgio em missões locais.

Neste caso, a vítima foi decapitada em Ocua, posto administrativo que separa as províncias de Cabo Delgado e Nampula. Estava a trabalhar na machamba, campo de produção agrícola, quando os rebeldes o surpreenderam.

“A população está a abandonar, algumas pessoas fugiram para Chiúre e outras estão a ir para Namapa, em Nampula”, relatou ainda a mesma fonte.

Elementos associados ao grupo extremista Estado Islâmico reivindicaram um ataque, na quinta-feira, à aldeia e ao posto policial de Chiúre Velho, igualmente no sul da província de Cabo Delgado, com armas automáticas, levando material do seu interior.

A reivindicação, feita através dos canais de propaganda, é documentada com um vídeo, em que os rebeldes, alegadamente pertencentes ao grupo Ahlu-Sunnah wal Jama`a (ASWJ), surgem a disparar rajadas de tiros de metralhadora e entram naquele posto policial, garantindo ter levado material, após queimarem uma viatura e “libertarem presos muçulmanos”, com registo de pelo menos uma pessoa decapitada no centro da localidade.

Oficialmente, agências no terreno contabilizaram pelo menos 34.000 novos deslocados só entre 20 e 25 de julho, devido a novos ataques insurgentes, nos distritos de Chiúre, Ancuabe e Muidumbe.

Só em Chiúre sede, a onda de deslocados que se avoluma desde quinta-feira, atinge – segundo estimativas avançadas no local à Lusa -, as 3.500 famílias, distribuídas por casas de familiares, mas sobretudo por dois centros temporários em duas escolas da vila, esta semana sem aulas.

Na Escola dos Coqueiros estão mais de 1.900 famílias, que desde terça-feira começaram a receber ajuda humanitária das agências das Nações Unidas, no mesmo recreio em que as mulheres cozinham de forma improvisada e centenas de crianças brincam quase normalmente, numa escola sem aulas.

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