Penetração da rega gota a gota na agricultura quase duplicou em Cabo Verde

A taxa de penetração da rega gota a gota na agricultura cabo-verdiana, afetada há vários anos por uma seca severa, quase duplicou desde 2015, disse hoje o ministro da Agricultura, anunciando que os incentivos financeiros serão mantidos.

“Subvenção de 50% dos custos de instalação de sistemas de rega gota a gota para os agricultores. E aqui quero realçar a boa adesão dos agricultores ao programa, uma vez que 624 projetos já foram concluídos”, afirmou o ministro da Agricultura e Ambiente, Gilberto Silva, no parlamento, ao ser interpelado pelos deputados sobre as políticas do Governo para o setor.

“Por isso, devo anunciar também que, por causa destes resultados, o Governo vai manter o programa nos próximos anos. Estima-se que a taxa de penetração de gota a gota aumentou dos 27% em 2015 para 43% hoje, e os incentivos contribuíram para isso”, afirmou o governante, na Assembleia Nacional, na Praia, no primeiro de três dias de sessão parlamentar.

Desde 2017 que o país enfrenta sucessivos anos de seca, com consequente redução da produção agropecuária e do rendimento das famílias, especialmente no meio rural, contribuindo também para a deterioração da segurança alimentar e nutricional das famílias e para a redução da disponibilidade da água para o abastecimento público e para a agricultura irrigada.

Para mitigar este cenário, a aposta tem passado por novos furos de água, dessalinização de água do mar, reaproveitamento de águas e pela massificação da rega gota a gota.

O governante exemplificou ainda que o fornecimento de água passou do equivalente a 38 litros por pessoa em 2015 “para cerca de 64 litros por pessoa por dia em 2021”.

Ainda durante a sua intervenção no parlamento, o ministro Gilberto Silva sublinhou a importância da nova linha de crédito ao setor agrícola no âmbito da recuperação dos efeitos da pandemia de covid-19.

“O Governo, no âmbito da recuperação económica, acabou de lançar outra linha de crédito, e isto não é propaganda é um compromisso muito sério com as instituições financeiras, jamais visto na história da agricultura em Cabo Verde, tendo em conta que são 300 milhões de escudos [2,7 milhões de euros] disponibilizados em condições nunca antes oferecidas”, sublinhou.

Estes financiamentos bancários envolvem projetos de até 10 milhões de escudos (91.500 euros) por proponente, com pelo menos seis meses de período de carência, maturidade de 10 anos, garantias do Estado que chegam a 80% do montante financiado e taxas de juro de até 3,5%.

“E o Estado a comparticipar com 10% de financiamento a fundo perdido”, enfatizou, garantindo que esta linha de crédito “vai favorecer o esforço de mecanização agrícola” e “reforçar a organização dos serviços privados aos produtores”.

Com base nas últimas previsões nacionais e internacionais para a região, as autoridades cabo-verdianas esperam que a campanha agrícola 2022/2023, que agora está a iniciar-se, seja a mais chuvosa dos últimos cinco anos, sem descartarem a ocorrência de eventos extremos.

“Todas as previsões e mesmo o que se vê (…), e o clima também, está a mostrar que este ano poderá ser um ano melhor, pelo menos dos cinco últimos anos”, afirmou na segunda-feira, em conferência de imprensa, na Praia, a diretora-geral da Agricultura, Silvicultura e Pecuária, Eneida Rodrigues, durante a apresentação das medidas de preparação desta campanha agrícola.

Há praticamente quatro anos que Cabo Verde vive uma forte seca, o que tem vindo a condicionar a atividade agrícola em quase todo o arquipélago, que importa praticamente 80% dos alimentos que consome, segundo dados do Governo.


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