Pequenas notas | Por Luís Ganhão

LUÍS GANHÃO
Jurista

Os vizinhos conheciam-se uns aos outros e entre si estabeleciam laços de solidariedade, laços em que se um deles, por exemplo, adoecia, uma simples «canja de galinha» que fosse outro a casa não lhe deixaria de levar.

Hoje, porém, num tempo de crescentes «regimes de propriedade horizontal», nasce-se, vive-se e morre-se, solitariamente, em «frações».

Até as simples reuniões para tratar da gestão do condomínio, onde os condóminos sempre tinham oportunidade de trocar algumas palavras entre eles e olhar para os rostos uns dos outros, vão desaparecendo, com a dita gestão entregue a empresas especializadas na matéria!

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Houve um tempo em que bastava um aperto de mão e a palavra dada entre as partes, para que um contrato fosse cumprido, pois maior desonra não haveria para quem à sua palavra faltasse. Não era necessária a ameaça duma condenação judicial para dissuadir de tal incumprimento, bastava a vergonha de, socialmente, se ser visto como alguém em cuja palavra não se poderia confiar.

Hoje e cada vez mais, sem grandes conflitos de consciência, nem com contratos reduzidos a escrito e reconhecimento notarial de assinaturas, os mesmos são cumpridos!

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Assistiu-se ao drama de Valência e a uma pequena amostra do que no Algarve poderia acontecer, se, porventura, a chuva tivesse sido mais intensa e de maior duração.

Quanto mais se constrói, impermeabilizando solos e, ainda por cima, em obediência a particulares interesses múltiplos, sem planeamento algum, em cima de linhas de água, mais inundações ocorrerão.

Como precaução, ter-se umas boias salva-vidas em casa.

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As ambulâncias do INEM poderão chegar tarde ou nem, sequer, chegar.

Mas resta-nos a consolação de que os barcos da Marinha não deixarão de chegar imediatamente, sob a supervisão do nosso Almirante Passaláqua, junto de barcos russos, mal eles metam proa em lusitanas águas, para tê-los, convenientemente, «debaixo de olho», não se vá dar o caso de quererem espiar como se faz o Frango da Guia ou os Pastéis de Belém!

Não se sendo um país rico, para se poder ter tudo ao mesmo tempo, há que estabelecer, pois, prioridades nos gastos.

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Um ministro, o da agricultura, diz-nos que o vinho dá anos vida e o ministro da Presidência que ele mata.

Afinal, em que se fica? No beber-se vinho misturado com gasosa?

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«O primeiro-ministro é um ilusionista» – PNS, secretário-geral do PS.

Ora, nada como a política reduzida a um circo, com ilusionistas, contorcionistas e palhaços a fazerem-nos rir, quando temos vontade de chorar. 

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