As cooperativas agrícolas avisaram hoje que o Plano Estratégico da Política Agrícola Comum (PEPAC) começou coxo e “carente de revisão”, um dos fatores que disseram contribuir para pôr em causa a qualidade da alimentação e a viabilidade das explorações.
“A alta dos preços dos alimentos está a pôr em causa a qualidade alimentar da população portuguesa e a viabilidade das explorações agrícolas”, apontou, em comunicado, a Confederação Nacional das Cooperativas Agrícolas e do Crédito Agrícola de Portugal (Confagri).
Conforme notou, Portugal tem optado por uma política agrícola que “não apoia devidamente a população nacional, deixando embalar pelo esverdeamento da PAC”.
Exemplo disto, é o PEPAC, que começou a aplicar-se em 01 de março “de forma coxa e ele próprio já carente de urgente revisão, numa lógica de fomento de apoio da produção agrícola nacional”, referiu.
A Confagri sublinhou que a “subida galopante” dos custos dos fatores de produção, como a energia e as matérias-primas, tem vindo a colocar em causa a viabilidade de muitas explorações.
Por outro lado, os produtores não conseguem repercutir os custos que suportam nos preços.
Segundo os dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), no ano passado, o rendimento da atividade agrícola baixou cerca de 12%.
Para a confederação, os “elevados custos” da alimentação refletem também a dependência externa de Portugal ao nível dos produtos alimentares e dos fatores de produção.
Assim, as cooperativas agrícolas defendem que há ainda “um caminho que deve ser percorrido” para mitigar os efeitos dos “brutais aumentos” dos custos de produção.
A plataforma de Acompanhamento das Relações na Cadeia Alimentar (PARCA) vai reunir-se no dia 22 deste mês e a Confagri quer que deste encontro resultem novas iniciativas que garantam a qualidade e segurança alimentar da população.
“Temos vindo a apontar algumas soluções que passam por uma ação concertada entre os vários ministérios e recusamos, de todo, que sejam os agricultores a suportar os efeitos diretos e indiretos da guerra e da inflação”, vincou, citado na mesma nota, o presidente da Confagri, Idalino Leão.