Esta semana, na data marcada, entreguei na cooperativa os plásticos que usei ao longo do ano para conservar alimentos para as vacas e regar o milho (fita de rega gota a gota). Quem vende tem obrigação de recolher as embalagens ou plásticos usados. Para pequenas quantidades há os ecocentros. A cooperativa organiza a concentração e chama depois um operador qualificado para levar o plástico para reciclagem.
Antes da pandemia, estava na moda dizer mal do plástico. Parecia que todo o plástico era levado em rios de plástico até ao mar. Parecia que o plástico não podia ser reutilizado, reciclado, que as pessoas não podiam ser educadas, pelo menos, a usar o contentor do lixo, parecia que a única maneira de salvar o mundo era acabar com o plástico, sobretudo o descartável. Lembram-se? Talheres e pratos descartáveis tinham os dias contados.
Depois veio a pandemia deste vírus contagioso e de repente tudo o que era descartável tornou-se precioso. Sacos de plástico destinados a conter lixo foram adaptados para servir de bata e proteger profissionais de saúde. Se a pandemia viesse um ou dois anos mais tarde encontraria o mundo sem plásticos descartáveis e seria ainda pior.
Mesmo sem pandemias de doenças contagiosas, trocar plástico por vidro ou papel também tem custos ambientais na sua produção. O vidro é mais pesado para transportar. Lavá-lo devidamente para voltar a usar sem risco de transmitir covid ou qualquer outra coisa tem custos energéticos e ambientais. Se é melhor ou pior, não sei. Não sou fabricante, nem vendedor, nem especialista em plástico. Procuro ser um utilizador consciente. Mas não aceito a “narrativa” de que trocar o plástico por outra coisa não tem custos. Estudem bem o assunto, façam todas as contas e expliquem-nos bem as coisas antes de tomar decisões dessa natureza. Porque eu repito e insisto: O plástico, por si, não é bom, nem mau, não tem vontade própria, não tem perninhas, asas ou barbatanas, não vai sozinho para o mar. Quem deve ser censurado e castigado são as pessoas “porcas” que atiram o plástico para o chão, para os rios, para o mar ou para o campo do agricultores, com um contentor a poucos metros.
#carlosnevesagricultor
O artigo foi publicado originalmente em Carlos Neves Agricultor.