Numa entrevista sobre biotecnologia agroalimentar, o bioquímico e biólogo molecular espanhol José Miguel Mulet afirma que as tecnologias que permitem editar genomas, como o CRISPR, não têm nada a ver com os OGM-Organismos Geneticamente Modificados e que “considerar um CRISPR como transgénico é uma aberração”.
O Professor Catedrático do Departamento de Biotecnologia da Universidade Politécnica de Valência referia-se à regulamentação das tecnologias de edição de genomas na União Europeia, que considera ser ter sido feita com “má-fé”. Numa entrevista para o podcast Cultivando la Conversación, José Miguel Mulet não foi de meias palavras ao afirmar que “considerar um CRISPR como transgénico é uma aberração, porque do ponto de vista científico uma coisa não tem nada a ver com a outra”.
Para este investigador doutorado em Bioquímica e Biologia Molecular, a explicação para essa comparação reside na sentença dada por um “juiz francês que queria ter os seus dez minutos de fama e demonstrar a sua ignorância ao subscrever os argumentos de um grupo de ambientalistas francês”.
Em todo o caso, e relativamente aos OGM, Mulet lembra que antes de um alimento transgénico chegar ao mercado tem de passar por rigorosos testes de controlo de segurança alimentar. “Um transgénico é certamente muito mais seguro do que um não transgénico, porque passou por muitos mais controlos”. Além disso, acrescenta, “se a tecnologia está no mercado há 25 anos, é porque funciona”.
José Miguel Mulet dirige um projeto no Instituto de Biologia Molecular e Celular de Plantas (IBMCP) que procura desenvolver plantas tolerantes à seca ou ao frio
Ouça o podcast aqui.
O artigo foi publicado originalmente em CiB – Centro de Informação de Biotecnologia.