A IACA participou ontem no Ministério da Economia, integrada na representação da FIPA, numa reunião com um conjunto de organizações (Associações e Entidades oficiais) que consubstancia o “Grupo de Acompanhamento e Avaliação das Condições de Abastecimento de Bens nos Setores Agroalimentar e do Retalho em virtude das Dinâmicas de Mercado determinadas pelo COVID-19”, criado por Despacho dos Ministros da Economia e da Agricultura.
A reunião, presidida pelos Secretários de Estado (Economia e Agricultura) terminou com uma comunicação a apelar à calma, serenidade e confiança dos consumidores no funcionamento das cadeias de distribuição e na sua normalidade de funcionamento.
No entanto, aqui deixamos algumas notas conclusivas desta primeira reunião:
1 – Para além do Presidente da FIPA salientar o ambiente e dificuldades das empresas, os stocks, as exportações e o esforço para assegurar a normalidade do funcionamento da cadeia alimentar (sem ruturas), dos planos de contingência das empresas, uma comunicação que já preparou com base nas informações da EFSA, falando ainda nas promoções extraordinárias da grande distribuição, da greve do porto de Lisboa e de outras considerações relevantes para a agroindústria, a IACA deixou expressas as suas preocupações ao nível do abastecimento de matérias-primas, que funciona normalmente, mas temos a greve dos estivadores, o não cumprimento dos serviços mínimos por doenças, alegadamente fraudulentas, chamando a atenção para os planos de contingência das empresas, mas também da SILOPOR, do porto de lisboa devido aos pilotos de barra e das empresas para que a produção de alimentos compostos possa funcionar e os animais alimentados normalmente, evitando-se problemas de saúde e bem-estar animal.
2 – FENALAC, FEPASA e FPAS salientaram a normalidade das suas produções e reiteraram a importância da alimentação animal, com o leite a lembrar que os animais têm de ser ordenhados diariamente.
3 – APED garantiu a normalidade do abastecimento referindo que tem sido difícil a reposição das prateleiras e salientou a logística mais complexa neste momento, com o aumento das compras on-line, que têm crescido mais de 50%. Quanto às promoções foram dadas instruções para terminarem as campanhas nas rádios e televisões, bem como noutros meios de comunicação, mas lembrou que , em média, 49% das vendas são feitas em promoções e que não iriam defraudar as expectativas dos consumidores.
4 – Os representantes dos transportadores estão a cumprir rigorosos planos de contingência, mas receiam em algumas cadeias de distribuição, a concentração de motoristas em determinadas zonas, sendo aconselhável que os motoristas não saiam dos camiões. Por ora esta tem sido a maior dificuldade relatada pela ANTRAM e ANTP
5 – Foi lamentada a greve dos estivadores nesta altura bem como a anunciada para o dia 18 de março nos supermercados, o que justifica medidas mais severas
6 – Reiterada a importância das medidas e planos de contingência das empresas; a DGAV referiu um caso suspeito num matadouro que não tinha plano de contingência
7 – A DGAV e os Secretários de Estado (Agricultura e Economia) reiteraram a importância de manter a alimentação, humana e animal, devendo existir um plano B articulado para além dos planos de contingentes, para salvaguarda da saúde e bem-estar animal
Uma nota sobre os setores do azeite (Casa do Azeite), cuja produção e abastecimento estão assegurados, mas também para os setores das frutas e hortícolas (FNOP) que chamaram a atenção para os trabalhadores estrangeiros sobretudo agora para a colheita dos pequenos frutos, e com a logística, reiterando igualmente o funcionamento dos setores e a relevância dos planos de contingência.
Estas as grandes conclusões, para além dos stocks, tesouraria e questões financeiras e de stress das empresas que não eram propriamente o cerne da reunião deste Grupo de Trabalho (mas que também foram faladas) que vai continuar a acompanhar e monitorizar a situação, devendo reunir na próxima semana e sempre que necessário, em função da evolução da doença e das medidas que forem tomadas.
Para já salientaríamos a nota e relevância dos Planos de Contingência em todos os setores, o cumprimento das recomendações da DGS e autoridades de saúde, a responsabilidade de todos e cada um de nós e a importância da saúde e bem-estar animal, ou seja, a importância do nosso Setor, não só ao nível dos animais que têm de ser alimentados todos os dias (também os animais de companhia nos canis municipais e outros) mas também o impacto nas produções de carne, leite e ovos.
A IACA também pediu que não fossem nomeadas as empresas que eventualmente sejam objeto de casos positivos devido a questões de reputação e repercussões no consumo, bem como a necessidade de o Grupo ter uma comunicação harmonizada e coerente. Até porque os casos vão aumentar e há que conter o pânico e apostar nos planos de contingência.
Nesta perspetiva, aqui reproduzimos uma resposta do Diretor-Geral da DGAV relativamente às preocupações da IACA, numa exposição dirigida igualmente à Diretora-Geral de Saúde:
“É absolutamente crítico que cada estabelecimento (fábricas de rações, armazéns de matérias-primas) tenha elaborado um plano de contingência específico para a COVID-19; nesse plano devem estar previstas soluções alternativas (apoios de 2º linha) para o caso de um determinado grupo económico ficar bloqueado”
Em anexo, enviamos as medidas extraordinárias decididas pelo Governo no Conselho de Ministros realizado ontem.
Alguma dúvida, não hesitem ligar porque vamos necessitar de monitorizar convosco e com o Setor o ponto de situação de forma diária. Mas reforçamos a necessidade dos Planos de Contingência porque só fazendo o “trabalho de casa” podemos exigir eventuais medidas de flexibilização, caso venham a ser necessárias.
Na segunda-feira a FEFAC vai fazer uma CC para discutir a situação em todos os países da Europa, pelo que manteremos a Indústria a par e passo como sempre tem acontecido nestas situações excecionais.
A Indústria e os nossos Associados saberão estar à altura das suas responsabilidades.
O artigo foi publicado originalmente em IACA.