Foi em 2009 a primeira edição da AGROGLOBAL. Nessa altura a agricultura não era propriamente um setor de atividade muito considerado pela sociedade em geral. Os resultados negativos da nossa balança alimentar tinham, assim pensavam muitos, mais a ver com a “venda” da nossa agricultura nas negociações comunitárias e com a subsidiodependência e falta de profissionalismo dos agricultores do que com as nossas condições ambientais para a produção, em muitos casos adversas quando comparadas com as dos países com os quais concorremos no mercado.
Naquele ano essa avaliação era mais negativa que nunca e as soluções propostas eram, no mínimo, utópicas e demagógicas. Falava-se em revolucionar todo o sistema, de outras culturas, outros serviços, outros agricultores.
Uma visão distorcida e afastada da realidade mobilizou, desde logo, um grande numero de agentes do negocio agrícola:
“Devemos promover um novo evento, 100% profissional, que valorize o saber de experiencia feito de gerações de agricultores, que exiba os meios tecnológicos e científicos que um enorme conjunto de empresas coloca à disposição da produção de forma permanentemente renovada.
Que mostre que as Escolas e organizações de produtores estão perto do processo produtivo e que desempenham um papel cada vez mais importante no processo de desenvolvimento agrícola.
Vamos dar a conhecer a nossa luta dentro da UE para que as nossas especificidades sejam levadas em conta e o esforço efetuado para que as ajudas disponíveis sejam aplicadas de forma simples, pragmática e sem desperdícios.
Abordaremos todos os sistemas de produção, mesmo os das zonas menos competitivas, pois não poderemos esquecer que a agricultura tem impacto social e ambiental insubstituível.
Temos de o fazer de forma diferente, sem o habitual cunho rural/tradicional que domina os nossos certames. Em 3D, no campo excecional da lezíria do tejo, à escala real e de uma forma dinâmica e interativa”.
E o projeto tornou-se realidade.
Na primeira edição logo 140 empresas mostraram, em 150 hectares cuidadosamente preparados ao longo de meses, os seus argumentos para uma atividade económica que se pretende cada vez mais eficiente.
Não é em todas as feiras que se vêm maquinas topo de gama a mobilizar, semear, colher e transportar aos olhos -e nas mãos – dos visitantes.
Não é também em todas as feiras agrícolas que se assiste a debates de elevado nível cruzando diferentes perspetivas sobre a agricultura.
Não é também em todas as feiras agrícolas, realizada a meio da semana e em local que não é de passagem ocasional, que se conseguem reunir tantos profissionais de um setor mobilizados pelo interesse em inovações tecnológicas, em produtos novos e serviços diferenciados.
Pela ultima edição da AGROGLOBAL passaram 15 000 visitantes, economistas, dirigentes associativos, governantes, ex-governantes, membros da oposição e referencias da opinião publica que connosco refletiram “refrescando” o nosso raciocínio mas também recolhendo e transmitindo para o exterior uma ideia mais real sobre um setor do qual o país muito tem a esperar neste momento difícil que atravessa.
Crescendo em todas as edições, prevê-se para a AGROGLOBAL 2014 a participação de cerca de 230 das grandes empresas da cadeia de produção agrícola de forma cada vez mais empenhada e dinâmica. Bancos, seguradoras, empresas de energia e comunicações também reforçaram a sua presença. As áreas de terreno trabalhadas aumentaram, haverá mais culturas, os colóquios serão ainda mais dinâmicos e vários acontecimentos de grande importância para o setor terão lugar na Agroglobal 2014.
A Agroglobal, hoje o congresso da agricultura nacional, está pois para ficar até porque agora ninguém tem duvidas que temos que voltar “a pôr os pés na terra”.
Joaquim Pedro Torres
Eng.º Agrónomo