Porque é preciso alargar Alqueva – José Pedro Salema

O Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva (EFMA) está a consolidar-se hoje como o principal projeto estruturante do Alentejo. A região beneficia de um conjunto de infraestruturas que potenciam o seu desenvolvimento de forma integrada e multissetorial. O setor económico com o maior destaque neste desenvolvimento é o da agricultura de regadio a tal ponto que a região já é considerada o epicentro agrícola nacional.

A estratégia da EDIA de promoção e captação de investimento tem vindo a alcançar resultados expressivos que, pese embora a ” juventude” do Empreendimento, tem já uma elevada e pouco habitual taxa de adesão dos agricultores.

Alqueva atravessa hoje um momento chave da sua história. Por um lado, este é um momento significativo para o projeto porque está em fase de conclusão da primeira grande etapa de infraestruturação estando operacionais os 120 mil hectares de área de regadio que foram pensados inicialmente. Por outro, está a ser projetada a expansão da área servida em mais 47 mil hectares alargando substancialmente o impacto positivo do projeto na economia da região e do país.

Recentemente uma equipa liderada pelo Professor Augusto Mateus concluiu um estudo para a EDIA sobre o impacto do projeto Alqueva na economia portuguesa e as conclusões são deveras impressivas.

O estudo considerou impactos do EFMA em diversas áreas. Alguns desses impactos estimados são quantificáveis, traduzindo-se em ganhos de produção, valor acrescentado bruto (VAB), exportações, postos de trabalho e receitas fiscais.

De acordo com os resultados obtidos, a fase de construção do EFMA, que envolveu investimentos de cerca de 2,4 mil milhões de euros desde 1995 até 2015, terá tido na economia nacional efeitos de VAB acumulados superiores a 2 mil milhões de euros e efeitos de emprego em pico da atividade de construção na ordem dos 10 mil postos de trabalho, traduzindo-se ainda em receitas fiscais de mais de 690 milhões de euros.

No que respeita aos impactos na fase de operação, no setor agrícola, no período entre 2007 e 2015, ter-se-á registado um diferencial de valor de produção acumulado nas áreas efetivamente regadas na ordem dos 580 milhões de euros, a que corresponde um VAB na ordem dos 395 milhões de euros. No que respeita ao emprego, em termos médios, houve mais 1 100 postos de trabalho.

O mesmo estudo indica que os 120 000 hectares beneficiados por Alqueva deverão gerar anualmente, quando atingirem a adesão planeada de 80%, um aumento no valor bruto da produção de 340 milhões de Euros, um incremento da riqueza criada (VAB) de 254 milhões de Euros e mais de 7500 trabalhadores envolvidos na produção.

Mas hoje é possível projetar um incremento muito substancial da área servida com o correspondente impacto na economia regional e nacional.

O sistema idealizado há 2 décadas previa a distribuição de 6000 m3/ha mas, fruto da predominância da cultura do Olival (que ocupa mais de metade da área regada e tem necessidades inferiores a 2000 m3/ha) e aos enormes avanços nas técnicas de regadio as dotações médias verificadas são cerca de metade das projetadas.

 

Se o sistema global se ajustar em torno do valor de dotação média de 3000 m3/ha na parcela chegamos à conclusão que será possível regar mais quase 50 mil hectares com o volume concessionado anualmente para regadio de 590 hm3.

Existem cerca de 100 mil hectares de áreas limítrofes ao EFMA com potencial para o regadio e sem restrições ambientais. Cerca de metade desta área pode ser infraestruturada com custos unitários muito baixos uma vez que é aproveitado o excesso de capacidade adutora do sistema primário

Alqueva está a assistir a uma dinâmica de instalação de projetos agrícolas muito interessante. À EDIA chegam diariamente pedidos de alargamento da rede e as visitas de potenciais investidores sucedem-se regularmente.

Estima-se que este cenário de alargamento da área de intervenção implicará um investimento de cerca de 200 milhões de Euros mas terá impactos diretos para o setor agrícola no ano de cruzeiro, face à situação sem alargamento, um acréscimo de 119 milhões de euros no VBP, de 89 milhões de euros no VAB e de 2.630 trabalhadores em termos de volume de mão-de-obra.

Mas este alargamento tem ainda outros efeitos muito importantes na restante área em exploração. O aumento de escala de cerca de 40% da área beneficiada permitirá diluir os custos fixos da operação e manutenção por um volume muito superior baixando os custos unitários de adução de cada metro cúbico distribuído.

Parecem assim estar reunidas todas as condições para concretizar a expansão da área de regadio – há disponibilidade de água, há terra com vocação para o regadio, há vontade de investir. Por todo isto é fundamental encontrar o financiamento para alargar o perímetro de Alqueva para desta forma garantir a sustentabilidade de todo o sistema, a plena utilização das infraestruturas e para maximizar a riqueza criada a partir da maior reserva estratégica de água da Europa!

 

José Pedro Salema

Presidente do Conselho de Administração da EDIA

 

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