Portugal atingiu esta sexta-feira o número máximo de incêndios deflagrados este ano, com 121 ignições, anunciou hoje a Autoridade Nacional de Emergência e Proteção Civil (ANEPC), apelando à população para ter especial cuidado face ao esperado agravamento do calor.
No ‘briefing’ à comunicação social, realizado pelas 12h00 na sede do organismo, em Carnaxide (Oeiras), o comandante André Fernandes destacou que há três incêndios a gerar maior preocupação no combate às chamas, nomeadamente em Ourém (distrito de Santarém), Carrazeda de Ansiães (distrito de Bragança) e Vale da Pia (distrito de Leiria).
“Há um agravamento da situação, nomeadamente na região sul. Estamos a viver uma situação quase inédita do ponto de vista meteorológico. A situação vai-se manter e é proibido usar maquinaria nestes dias que se seguem para baixarmos o número de ignições, que têm vindo a aumentar”, afirmou o responsável da ANEPC, destacando que as 121 ignições registadas “são o máximo deste ano”.
Segundo o comandante, o maior número de ocorrências foi registado no distrito do Porto, com 36, seguindo-se Aveiro (15) e Lisboa (14). André Fernandes adiantou também a mobilização 15 grupos de reforço dos bombeiros, com 450 operacionais, uma companhia da Unidade de Emergência de Proteção e Socorro da GNR, com 22 militares, cinco máquinas de rasto e um veículo reforço da rede SIRESP.
A ANEPC revelou que os incêndios de sexta-feira resultaram em 10 operacionais com ferimentos ligeiros, tendo sido prestada assistência a 16 civis. “Houve danos apurados em Santarém, no concelho de Ourém, com uma habitação destruída e dois anexos de duas outras habitações”, referiu o responsável, sublinhando não haver cortes de estrada até ao momento.
André Fernandes alertou para a situação de “perigo extremo para os incêndios florestais”, notando que a partir da meia-noite “vai ser elevado o nível de alerta especial” do Dispositivo Especial de Combate a Incêndios Rurais (DECIR) para o nível laranja (o segundo mais elevado em mobilização e prontidão de meios) nos distritos de Lisboa, Setúbal, Portalegre, Évora, Beja e Faro, juntando-se aos outros nove distritos (Vila Real, Bragança, Viseu, Guarda, Castelo Branco, Santarém, Aveiro, Coimbra e Leiria) que já estavam nesta categoria.
Relativamente aos três maiores incêndios, o comandante nacional da ANEPC disse que estavam a combater as chamas em Carrazeda de Ansiães 212 operacionais, com o apoio de 69 viaturas e quatro meios aéreos; já o incêndio de Ourém concentrava 566 bombeiros, 179 veículos e seis meios aéreos, enquanto o de Vale da Pia, em Pombal (Leiria) reunia 254 efetivos, 74 viaturas e sete meios aéreos.
“A noite ajudou. Infelizmente, as condições meteorológicas, mesmo durante a noite, não são favoráveis, mas conseguimos fazer uma estabilização da maioria dos incêndios. O incêndio que nos preocupava mais, em Ourém, neste momento tem apenas 20% do perímetro ativo, o que é para nós um avanço. Esperamos agora que durante a tarde, que vai ser um período difícil, manter os incêndios dentro da capacidade para não se expandirem mais”, acrescentou.
Questionado sobre a origem da maioria destes incêndios, André Fernandes garantiu que se devem sobretudo a negligência das pessoas, de acordo com as informações já recolhidas no terreno pelas autoridades.
“Os dados que temos vindo a trabalhar [indicam] que a maioria tem uma origem negligente pelo uso de fogo ou de maquinaria. Recordo que o uso de fogo nestas condições é punido por lei, é crime, e por isso é preciso não baixar a guarda. Isso pode provocar um grande incêndio, nestas condições meteorológicas”, concluiu.