Portugal é um dos países da UE onde o preço dos ovos mais subiu

Comparador do Eurostat mostra que Portugal viu preços a crescer mais do que na UE em 11 categorias de produtos alimentares. Governo estuda mudanças na lei, preocupado com eventuais abusos no retalho.

Portugal registou um dos aumentos mais acentuados da União Europeia (UE) no preço dos ovos, segundo dados divulgados esta sexta-feira pelo Eurostat. A subida em Portugal foi de 46,2%, ao passo que na UE o aumento médio foi de 30,4%, diz a autoridade estatística europeia, com base em dados relativos a Janeiro de 2023.

Já se sabia que os preços da alimentação estão a subir mais em Portugal do que no resto da zona euro e o comparador de preços da alimentação do Eurostat, que é de acesso público, mostra que o aumento de preços em território nacional está acima da média em 11 de 26 categorias de produtos face à média dos 27 países da UE.

Os ovos são uma dessas categorias de produtos alimentares. Os maiores aumentos aconteceram em países do antigo bloco de Leste (Chéquia, Hungria, Eslováquia, Bulgária, Croácia, Estónia e Lituânia), com aumentos que variam entre 84,9% (Chéquia) e 49,3% (Lituânia).

Surge depois Portugal nesta lista, em que outros países do Sul da Europa (Itália, Espanha e Grécia) estão abaixo da média europeia e que coloca Islândia, Suíça e Noruega com os aumentos de preço menos expressivos.

Tal como o PÚBLICO noticiou no final de Fevereiro, “em cerca de duas dezenas de bens e serviços registou-se uma subida de preços em Portugal que ficou mais de 10 pontos percentuais acima da verificada na zona euro. E no pólo oposto, houve nove bens e serviços em que a inflação portuguesa foi mais de 10 pontos inferior à da zona euro”. E oito dos dez bens e serviços com aumentos maiores em Portugal são produtos alimentares.

Numa ronda por diferentes responsáveis sectoriais, que o PÚBLICO fez na altura, foram apontadas diversas razões para esta evolução. E um dos motivos invocados com mais frequência é a distância geográfica do país aos fornecedores. Esta realidade repercute-se em custos de transporte maiores, sobretudo nos bens importados ou com forte componente de importação, como sucede nos bens alimentares.

“Como é que se fazem ovos ou se criam porcos? É dando-lhes de comer com rações e tendo energia para os aquecer, transporte e, no caso da carne de porco, para a refrigeração da carne”, disse então o secretário-geral da Confederação dos Agricultores de Portugal, Luís Mira. “Energia e comida são, se calhar, 90% do custo – é tudo.”

Mas o comparador de preços do Eurostat também mostra que há aumentos significativos de preços face à UE em produtos de forte produção nacional, como por exemplo o azeite. Ou os vinhos.

Distribuição com margens elevadas, diz ASAE

O custo da alimentação está em foco no debate político. Na quinta-feira, o Governo e a ASAE vieram a público dizer que empresas de retalho alimentar, como supermercados e hipermercados, conseguiram ter margens médias de lucro bruto que chegam a ser de 50%.

São conclusões tiradas com base nos relatórios mensais da ASAE, que avalia a evolução de preços de um cabaz de produtos alimentares essenciais desde Janeiro de 2022.

“Dos elementos obtidos até ao […]

Continue a ler este artigo em Público.


Publicado

em

, ,

por

Etiquetas: