Consórcio europeu de 19 países junta produtores suinícolas a institutos de ensino superior e investigação para candidatura a investimento em plataformas informáticas que avaliam o impacto das medidas de bem-estar animal, indo ao encontro da estratégia “Farm to Fork”.
Portugal, pelas mãos da Federação Portuguesa de Associações de Suinicultores (FPAS), lidera a candidatura de um consórcio europeu que junta 17 associações de produtores de suínos em 19 países europeus, desde a maior à mais pequena, de norte a sul, cobrindo 90% das explorações suinícolas europeias, que vão trabalhar em conjunto com 10 universidades e 4 institutos de investigação em toda a EU para que se leve a cabo uma investigação centrada nos parâmetros do bem-estar animal.
Este consórcio, denominado de Welfarmers, apresentou a candidatura a uma call europeia dentro do programa HORIZON EUROPE, que contempla ainda a criação de plataformas digitais para medir os níveis de bem-estar animal aplicado em vários países europeus, através da utilização de sistemas de integração de dados anteriormente utilizados na saúde humana, que vão permitir reforçar o bem-estar dos animais em toda a cadeia de produção de suínos, contribuindo assim para os sistemas de produção ainda mais sustentáveis.
O projeto criará plataformas para quantificar o nível de bem-estar dos animais nas explorações pecuárias de diferentes países, monitorizar a evolução da adaptação dos produtores às novas normas de bem-estar dos animais (barreiras e soluções) e avaliar os impactos socioeconómicos ao longo da cadeia de abastecimento para garantir a sustentabilidade dos produtores, manter os empregos no setor e a competitividade com países terceiros que não oferecem os mesmos padrões de bem-estar animal e segurança dos alimentos para animais.
O estudo centrar-se-á apenas numa espécie, os suínos, para maximizar o progresso com os recursos disponíveis mas servirá, posteriormente, de modelo para outros setores pecuários da UE.
Na base da motivação dos Welfarmers está o bem-estar dos animais nas explorações, que só poderá fazer progressos significativos se representar todos os aspetos da sustentabilidade; os aspetos sociais (bem-estar humano e animal), os aspetos ambientais (emissões) e os aspetos económicos (viabilidade económica das explorações agrícolas).
Esta abordagem única de bem-estar tem o envolvimento sem precedentes das organizações de produtores a partir da conceção do projeto, o que resultará num projeto RIA (Research and Innovation Action).
Embora a UE tenha os mais elevados padrões de bem-estar dos animais do mundo, com a nova estratégia “Farm to Fork”, a UE pretende ir mais longe para ter uma cadeia alimentar mais sustentável e amiga do ambiente. Nesse sentido, os produtores de suínos europeus, conscientes da necessidade de melhorar os sistemas de produção, querem contribuir decisivamente para que que a estratégia “Farm to Fork” se torna uma realidade. Contudo, a implementação destas medidas exige investimento nas explorações a par de uma gestão eficiente, que só é possível com a adequação correta das medidas a adotar, onde a investigação terá um papel fundamental.
Não nos podemos esquecer que as condições de produção são diferentes do norte para o sul da Europa devido a vários fatores, como o clima e a estrutura de produção. No entanto, estas diferenças não podem justificar diferentes níveis de bem-estar no espaço europeu e a investigação deve ser capaz de fornecer soluções para alcançar uma homogeneidade. É fundamental investigar novas técnicas de produção e divulgar os resultados de todos os produtores europeus para atingir este objetivo comum, considerando as diferentes realidades dos sistemas de produção na EU.
Fruto da vontade clara dos produtores em seguir este caminho, as várias associações de produtores, através da sua representação europeia, COPA-COGECA, enviaram para a Comissão Europeia uma proposta de alteração da legislação europeia em termos de bem-estar animal que vai além da lei atual e está em consonância com a estratégia “Farm to Fork”. Esta é, inclusive, a maior representação de produtores europeus o que pode, consequentemente, levar a uma transferência efetiva das inovações para o terreno.