Redução da margem de erro ajuda na identificação de fogos florestais e permite prever, com mais precisão, qual a melhor altura para as colheitas agrícolas.
A captação de imagens de satélite com a melhor calibração possível é fundamental para garantir a qualidade dos dados recolhidos. Em novembro de 2019, nasceu o projeto Flare, que diminuiu a margem de erro da captação destas imagens dos 5% para os 3%. Portugal contribuiu para este projeto através da equipa nacional da empresa Hitachi Vantara.
A redução de apenas dois pontos percentuais parece pouco significativa mas “quando estamos a falar de um píxel a uma distância de quilómetros de altura da Terra, isso corresponde a muitos metros na superfície terrestre. Qualquer desvio ou taxa de erro no reconhecimento da imagem tem um impacto muito grande”, explica ao Dinheiro Vivo o diretor de inovação da Hitachi Vantara em Portugal.
Habitualmente, a calibração de sensores recorre a pontos de referência muito grandes, para distinguir as cores escuras e as cores claras. “O deserto, normalmente, é um bom sítio para ajudar nisso: tem um espaço branco bastante alto e consegue ter uma referência que permite, nas fronteiras do vale, fazer a calibração neste espaço. Mas fazer essa calibração do deserto exige um grande planeamento e logística”, destaca Paulo Valério.
Na nova solução, a tecnologia é baseada em espelhos. “Conseguimos uma melhor calibração dos sensores, ao poder colocá-los em qualquer local do planeta. Quando o satélite, na sua trajetória, souber que está a passar por cima de um destes locais consegue fazer o pedido de calibração e obter os dados necessários, melhorando a sua captura de imagem.”
A leitura mais precisa destes sensores tem impacto sobre as populações: “com imagens mais calibradas, é possível obter mais detalhes e detetar eventuais fogos”, assim como “prever quais são as melhores alturas para as colheitas agrícolas”.
O projeto Flare nasceu em novembro de 2019. A Hitachi Vantara está a trabalhar com um cliente, responsável pela componente física (hardware). A unidade portuguesa da Hitachi Vantara ficou responsável pela “criação uma plataforma digital para os donos do satélite fazerem as marcações de medições de satélites”.
Graças à plataforma desenvolvida em Portugal, “é possível aproveitar os recursos disponíveis e disponibilizar informação para vender a quem precisar”. Ou seja, há maior eficiência de custos na utilização destes satélites.