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Portugueses introduzem húmus de tremoço no Reino Unido

Uma empresa de portugueses está a tentar aumentar o consumo do tremoço no Reino Unido, onde o “lupin bean” é quase desconhecido, como um alimento nutritivo e saudável que pode ser comido à refeição.

Embora muitas pessoas conheçam a ‘Lupin Flower’, uma flor comum no Reino Unido e Irlanda, “elas não sabem que se pode consumir a semente”, contou à Agência Lusa a cofundadora Catarina Gorgulho.

“Sabendo que o mercado no Reino Unido está a crescer em termos de requisitos alimentares e de interesse em mudar a dieta, o tremoço é algo que tem imenso potencial porque os britânicos nem sequer sabem que existe”, acrescentou.

Esta lisboeta ficou surpreendida quando descobriu, em 2019, as qualidades nutritivas do tremoço, que até então associava aos grandes frascos de conserva vendidos nos supermercados e pires servidos como aperitivo em cervejarias.

A leguminosa, destaca, tem três vezes mais proteína que quinoa, três vezes mais fibra do que aveia, três vezes mais ferro do que couve, ao mesmo tempo que tem menos calorias, gordura e colesterol do que alimentos à base de hidratos de carbono, como pão ou batatas.

Com isto em mente, montou a Tarwi Foods [Tarwi é como é designado o tremoço na América do Sul] com dois amigos portugueses e registou a patente do Lummus, um húmus à base de tremoço em vez de grão-de-bico.

Já à venda em algumas lojas independentes, a partir de maio vai entrar numa nova rede de distribuidores com acesso a centenas de estabelecimentos comerciais, incluindo a rede de supermercados biológicos Planet Organic.

O produto foi primeiro desenvolvido na própria cozinha da antiga analista financeira, durante os confinamentos da pandemia covid-19, e o resultado foram quatro sabores: clássico, tomate seco, beterraba e ervas aromáticas.

“Quisemos apresentar o tremoço numa forma simples e conveniente, e o húmus é algo que eles já conhecem. As primeiras opiniões são positivas, disseram-nos que é melhor do que o húmus normal, mais leve”, disse a portuguesa, de 32 anos, residente no Reino Unido há 11.

O público-alvo, descreve, tem entre 20 e 35 anos, “é consciente sobre a saúde e alimentação e o impacto no ambiente e está a explorar novas formas de alimentação e consumo”.

A ideia surgiu do próprio interesse de Catarina Gorgulho na necessidade de enriquecer a dieta com mais proteína de origem vegetal.

O tremoço, sublinhou, “é uma alternativa à soja que é muito mais sustentável, no sentido em que cresce na Europa, a nível proteico é igual ou melhor e 80% da produção vai para alimentar gado porque não existe interesse para consumo alimentar”.

“Pensámos que havia aqui uma oportunidade enorme”, justificou.

Recentemente, o Lummus foi finalista na categoria ‘Best Snack Innovation’ dos Prémios World Food Innovations da feira Internacional Food and Drink (IFE) 2022 devido ao conceito inovador.

Apesar de os principais produtores de tremoço estarem na Austrália ou Peru, fez questão de encontrar fornecedores em Portugal, onde o húmus também é produzido por uma empresa com recurso a pressão a frio, que prolonga a qualidade e validade.

No ano passado, a Tarwi Foods ainda testou a venda de tremoços em saquetas em Portugal, mas suspendeu o conceito para aperfeiçoá-lo.

“O nosso objetivo é o mercado britânico. O mercado português é mais por carinho e pelas nossas origens”, admitiu, embora acredite que o consumo do tremoço pode ser desenvolvido em Portugal se for tornado “mais sexy”.

O tremoço, defende Gorgulho, é uma proteína vegetal que tem muita versatilidade, mas que precisa de ser apresentada numa forma diferente daquela a que os portugueses estão habituados.

“É preciso reeducar o consumidor sobre o perfil nutricional do tremoço e fazer um ‘rebrand’ para ser algo apelativo, moderno e ’trendy’”, disse.


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