Povoamentos mistos podem ser mais resilientes a pragas e doenças

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Os povoamentos mistos, compostos por duas ou mais espécies de árvores, poderão ter vantagens relativamente aos povoamentos puros (dominados por uma espécie florestal) em termos de regulação natural de pragas e doenças. Os equilíbrios ecológicos estabelecidos aumentam a resiliência das florestas, sendo os sistemas mistos uma estratégia eficaz para ajudar a manter a saúde e estabilidade dos ecossistemas florestais.

A combinação de espécies arbóreas numa mesma área florestal implica desafios acrescidos na gestão e exploração. Por esta razão, tradicionalmente, estes sistemas têm sido preteridos em favor de povoamentos puros. Contudo, os povoamentos mistos permitem complementar a produção de diferentes recursos (por exemplo, cortiça e pinha), o que tem vindo a despertar interesse crescente por parte de investigadores e gestores florestais.

Acresce que os povoamentos mistos oferecem vantagens ecológicas em comparação com os puros, quer pela promoção da biodiversidade, quer pela maior resiliência a perturbações bióticas, como as pragas, e abióticas, como o fogo.

Por exemplo, os povoamentos de sobreiro (Quercus suber) e pinheiro-manso (Pinus pinea), estudados no âmbito do projeto CORKNUT, evidenciaram efeitos benéficos em diversos aspetos da vitalidade de ambas as árvores e dos ecossistemas. Os sobreiros tiveram menor incidência de pragas: as suas folhas tiveram menos danos e os ataques de cobrilha foram menores. Por outro lado, foi favorecido o desenvolvimento de fungos micorrízicos que melhoraram a fertilidade do solo e o transporte de água e nutrientes para as raízes das plantas.

De forma semelhante, os povoamentos mistos de carvalho (Quercus spp.) com pinheiro (Pinus spp.) ou com castanheiro (Castanea sativa), no Norte do país, poderão também ser valorizados.

O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.


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