Henrique Pereira dos Santos

P’ra quem é, bacalhau basta – Henrique Pereira dos Santos

Há coisa de uma semana, a propósito da ruptura dos circuitos mundiais de comércio de cereais, dizia a nossa Ministra da Agricultura: “Portugal produz atualmente 18% dos cereais que consome. Há uma estratégia para aumentar até 38%”.

A declaração foi amplamente replicada na “rádio, tv, disco e na cassette pirata” e uma semana depois não se encontra, ou pelo menos eu não encontrei, seguimento dessas declarações amplamente difundidas, concluindo eu que toda a gente ficou descansada com a declaração tranquilizante da Senhora Ministra.

E é verdade que Portugal tem essa estratégia, desde Janeiro de 2018, para ser aplicada em cinco anos (ou seja, estamos nos últimos seis meses da sua aplicação, ou coisa do género).

É uma estratégia muito bem organizada em vinte medidas que, quase no fim do tempo para a sua aplicação, estão com certeza aplicadas, como se pode demonstrar logo pela primeira medida: “Redução dos custos da energia”.

Quem por acaso tenha ouvido de raspão a Senhora Ministra, no actual contexto, terá pensado que face às dificuldades de exportação de grãos da Ucrânia, trigo e milho, sobretudo, Portugal estava bem apetrechado, com uma estratégia, para substituir essas importações, independentemente da tal estratégia pretender aumentar a produção de arroz em 80%, 50% o milho e 20% os cereais praganosos.

Ou seja, uma modernização da velha ideia do “se não têm pão, comam brioche”, agora sugerindo o bolo de arroz.

Com o jornalismo e o escrutínio que existe, a revolução é impossível e, quaisquer mudanças de regime, ainda que “em suaves prestações mensais”, são igualmente improváveis.

À senhora Ministra basta acenar com uma estratégia nunca aplicada para nos tranquilizar a todos e garantir o voto dos que acham que “p’ra pior já basta assim”.

O artigo foi publicado originalmente em Corta-fitas.


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