Os preços dos alimentos básicos na África subsaariana subiram em média 23,9% desde 2020, o maior aumento desde a crise financeira de 2008, alertou o FMI, defendendo programas sociais bem direcionados e reformas que promovam a concorrência.
“Os preços dos alimentos básicos na África subsaariana disparou, em média, 23,9% entre 2020 e 2022, a maior subida desde a crise financeira global de 2008, o que representa um aumento de 8,5% no custo da cesta básica de consumo, para além da subida generalizada dos preços”, escrevem os analistas do Fundo Monetário Internacional (FMI) num artigo assinado pelos economistas Cedric Okou, John Spray e D. Filiz Unsal.
No artigo no blogue do FMI, os economistas usam dados de 15 países para identificar as subidas dos cinco alimentos básicos mais consumidos – mandioca, milho, óleo de palma, arroz e trigo – e concluem que os “fatores globais” apenas são parcialmente responsáveis pela subida dos preços, que nalguns casos duplicaram face aos constrangimentos dos últimos meses, como no preço na Nigéria da mandioca e do milho.
“A percentagem de consumo de cada um destes alimentos tem o maior efeito no preço, em parte devido ao rendimento das famílias, já que as famílias mais abastadas podem diversificar mais a sua comida, ao passo que os mais pobres têm muito poucos substitutos para estes alimentos, que representam quase dois terços da sua dieta diária”, explicam os economistas.
Além da subida geral dos preços decorrente dos impactos da guerra na Ucrânia, o FMI aponta ainda que a evolução da moeda dos países também influencia a evolução dos preços, bem como a ocorrência de desastres naturais: “As guerras fazem subir em 4%, em média, estes preços, enquanto que os desastres naturais fazem aumentar os preços em 1,8%”.
Em termos de recomendações para os governos da África subsaariana, os três economistas do FMI sugerem que “um conjunto de reformas estruturais, orçamentais e monetárias podem ajudar a baixar a inflação dos alimentos”.
No texto, apontam que a melhoria da gestão das finanças públicas pode libertar recursos para investimentos em programas bem direcionados de assistência social ou em infraestruturas resilientes ao clima, “o que ajuda a estabilizar os preços”.
Além disso, sugerem também que os “preços dos insumos agrícolas, com sementes ou fertilizantes, podem baixar se forem introduzidas reformas regulatórias e estruturais que promovam a concorrência sã”, e concluem que também há um efeito positivo da facilitação dos procedimentos comerciais e da alavancagem da pesquisa e desenvolvimento para aumentar a inovação na agricultura”.