…tal como a cenoura. “No campo, os preços mais do que duplicaram: há produtos, como os adubos, que custam quatro e cinco vezes mais.” Quando chega à prateleira do supermercado, pior ainda: uma cebola que o agricultor vende por €0,35 pode custar ao consumidor 2 euros; uma pera, três vezes mais do que o produtor recebeu por ela.
É fácil recolher preços nas grandes superfícies, mas muito difícil obter números junto dos produtores para poder fazer contas ao que pagamos sempre que pomos uma laranja ou uma batata no carrinho de supermercado. A contenção e a precaução ditam a lei. “De preços não falo, até porque não seria ético”, diz-nos uma das pessoas contactadas. “Somos o elo mais fraco”, admite outra. Neste momento, garantem-nos, “as margens da distribuição andam pelos 30 a 40%, abaixo do que já se praticou noutros tempos” – “Só que uma margem dessas continua a ser a maior entre todos os intervenientes no processo.” Gonçalo Lobo Xavier, diretor-geral da Associação Portuguesa de Empresas de Distribuição (APED), garante que não é assim: “Em Portugal, como aliás no resto da Europa, a margem da distribuição é de dois a três por cento”. E explica: “É claro que um agricultor que, imaginemos, vende as cebolas a 35 cêntimos e depois as vê a 2 euros, pode tirar conclusões precipitadas, mas há o transporte, o armazenamento, a embalagem… O negócio da distribuição não está na margem, está no volume. Creio que até tem havido alguma contenção nas margens de comercialização… A concorrência é muito intensa e ninguém quer perder clientes!” […]