Jorge Rita

Presidente da Federação Agrícola dos Açores pede às indústrias de laticínios para terem “vergonha”

Se antes da pandemia já havia uma grande penalização no preço do leite, a situação agravou-se ainda mais com várias decisões de algumas indústrias. Em entrevista à Atlântida, o presidente da Federação Agrícola dos Açores recorda que a Região tem o leite mais mal pago da Europa, lamentando que o preço do leite só baixou no arquipélago.

Sem papas na língua, Jorge Rita critica os industriais e pede mesmo que tenham “vergonha”, pois “escravizam o maior e melhor setor de atividade económica dos Açores”. Pede ainda ao Governo Regional para travar esta situação.

Por outro lado, Jorge Rita sublinha que a situação é também “dramática” nos rendimentos dos agricultores, pois “aquilo que foi criado a nível nacional e europeu para a agricultura, não teve qualquer impacto até hoje”. Para o responsável, apesar das moratórias ajudarem um pouco o setor agrícola porque capitalizam, na realidade “está-se a empurrar as dividas com a barriga para a frente”.

Na primeira reunião que já tiveram com o secretário regional da Agricultura, este foi um problema colocado, desde logo, em cima da mesa.

O presidente da Federação Agrícola dos Açores frisa que num ano de crise, os agricultores, produtores de leite e outros foram aqueles que não tiveram qualquer tipo de ajuda em relação às questões da pandemia. Apesar de serem solidários com os outros setores de atividade, salienta que “os setores primários são fundamentais para a coesão económica e territorial e ainda a coesão económica e social”.

Já no setor da carne, Jorge Rita adianta que teve reflexos negativos em algumas áreas, nomeadamente nas vacas e vitelões.

Outras preocupações prendem-se com o próximo Quadro Comunitário de Apoio, em que Jorge Rita acha que as verbas não irão chegar antes de 2023; no Plano de Recuperação e Resiliência, “os montantes que vinham para as regiões já não serão os mesmos”. Nesse sentido, Rita pede ao novo executivo açoriano para evitar os “discursos dos milhões”, principalmente “quando não os tem, nem os vai ter”.

Muitas coisas poderão ser feitas, diz o responsável, entre elas o alívio da carga fiscal, adiantando que os próximos fundos serão “extremamente importantes”, mas defende que devem ser “aplicados com muito rigor”.

Quanto a perspetivas para o ano que se avizinha, o presidente da Federação Agrícola dos Açores acredita que 2021 será um ano de “pequena recuperação” em todos os setores  de atividade.

O artigo foi publicado originalmente em Rádio Atlântida.


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