O presidente da Assembleia Nacional são-tomense, Delfim Neves, afirmou-se hoje “categoricamente contra” o projeto de plantação de canábis no país, atualmente em análise pelo Governo, e negou que tenha recebido qualquer dinheiro relacionado com este processo.
“Se eu puder opinar, estou contra o plantio desta erva em São Tomé”, afirmou hoje Delfim Neves, numa conferência de imprensa no Palácio dos Congressos, sede do parlamento são-tomense.
O também candidato às eleições presidenciais do próximo domingo explicou que a sua oposição ao projeto não “é por uma questão de ser droga”, mas por estar em causa “uma questão de segurança”.
“Nós não temos capacidade de assegurar que as pessoas não tenham acesso ao local onde se vai eventualmente fazer o plantio destas ervas. (…) Há o risco de não ser bem utilizado ou devidamente utilizado e sendo um país como o nosso, onde todos os são-tomenses têm acesso fácil a qualquer espaço do território”, comentou.
Em causa está um projeto de cultivo de canábis para fins medicinais no país, que o Governo diz estar ainda em análise. O Movimento de Libertação de São Tomé e Príncipe – Partido Social Democrata (MLSTP-PSD), no poder, já se demarcou e exigiu explicações ao executivo liderado por Jorge Bom Jesus.
Delfim Neves disse hoje desconhecer o projeto.
“Eu desconheço quem solicitou. Nunca vi o processo. Nunca vi o projeto. Não sei qual é a empresa que quer fazer o plantio nem sei quais são as vantagens e desvantagens para saber disso”, comentou.
Questionado sobre acusações de outros candidatos presidenciais, segundo as quais teria recebido dinheiro relacionado com este projeto, Delfim Neves negou.
“É contraditório. Se eu estou contra, eu não posso por um lado receber de alguém que está com o projeto e, do outro lado, dizer que estou contra. Isso é absurdo”, respondeu.
Instado a comentar a defesa do projeto pelo ministro da Agricultura, Francisco Ramos, membro da mesma formação política – Partido de Convergência Democrática (PCD) -, Delfim Neves desvalorizou.
“No seio do PCD há muita democracia. Lá não há imposições nem tem patrão”, sustentou.
O responsável defendeu que o ministro Francisco Ramos “é competente”.
“Se o Governo decidir que não [aprova o projeto], aí o ministro não pode avançar sob pena de se demitir”, comentou.