A Comissão Europeia acaba de publicar a sua revisão trimestral do balanço e das previsões para os mercados agrícolas, com as primeiras estimativas para 2021. Em comparação com a previsão anterior, feita no outono do ano passado, a Comissão reviu agora em alta a sua estimativa relativa à produção suinícola (de -1,0% para +1,7%) e à exportação (de -10% para +5%, graças aos resultados recorde do primeiro trimestre), mantendo-se quase inalterada a previsão para o consumo doméstico de carne de porco na UE (de +1,0% para +0,8%). No entanto, há que ter em conta que parte destas revisões se deve também ao facto de não estar contabilizado o Reino Unido.
* Produção em alta: O aumento da produção de suínos na UE deverá acelerar ligeiramente em 2021, mantendo-se a tendência de animais mais pesados (+1 Kg cda ano, em média, desde 2016), com alguns abates adiados de 2020 para 2021. A maior produção na Bélgica, Dinamarca, Espanha, França, Holanda e Polónia deve compensar a ligeira queda de produção na Alemanha devido à PSA (-3%). O maior crescimento é esperado sobretudo na Dinamarca, com menos importações de animais vivos para a Alemanha e um número relativamente elevado de porcos jovens em 2020.
* Consumo: O consumo per capita pode aumentar ligeiramente, atingindo 32,5 quilos/habitante/ano (+0,7% em relação a 2020).
* Preços: Os preços subiram nos períodos fevereiro-março e maio-junho, ultrapassando os 170 euros/100 quilos no início de junho, graças à procura sustentada do mercado interno e das exportações, sobretudo para a Ásia. Estes preços elevados atenuaram a pressão sobre as margens dos produtores causada pelo aumento dos preços da alimentação animal.
* Exportação: O impacto da saída do Reino Unido da UE tem sido menor nas exportações comunitárias para este país (-17% no primeiro trimestre) do que nas importações (-52%) e mais forte sobre o comércio de carne de porco da UE do que a própria Peste Suína Africana. Em conjunto, as exportações de carne de porco da UE deverão continuar a aumentar em 2021, embora a um ritmo mais lento do que nos últimos dois anos (+5%). As importações de suínos provenientes da UE poderão aumentar cerca de +1% em 2021.
Por outro lado, os novos surtos de PSA na China atrasaram a recuperação da produção do país. Apesar da queda dos preços chineses em comparação com os níveis pré-COVID, o mercado chinês continua a ser favorável para os exportadores europeus, prevendo-se que continue a ser o principal destino das exportações de carne de porco da UE em 2021, embora o país continue a importar dos EUA e, cada vez mais, do Brasil, especialmente depois da OIE ter reconhecido três dos maiores estados produtores brasileiros como “livres da febre aftosa sem vacinação”. Enquanto a Alemanha, um dos maiores exportadores de suínos da UE, perdeu o acesso à maioria dos mercados asiáticos devido aos focos de PSA no seu território, outros exportadores europeus conseguiram colmatar esta lacuna aumentando as suas exportações.