Primeiros passos para uma produção rentável

Associado da APAS Floresta, Nélson Justo começou a investir na floresta este ano, adquirindo algumas propriedades improdutivas e abandonadas na zona de Rio Maior, com o objetivo de as rentabilizar num prazo de 10-12 anos. O primeiro alvo da intervenção florestal aconteceu na freguesia de S. Sebastião, num eucaliptal de 1,35 hectares, cujo último corte, já na quarta rotação, aconteceu em 2019. Nélson comprou o terreno em julho último e logo nesse mês deu entrada nos serviços florestais do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) com o pedido de licenciamento para uma nova plantação.

“Isto era uma plantação antiga, desordenada, e não dava para fazer nada, nomeadamente limpezas de mato ou ações de adubação que visam melhorias de produtividade. As máquinas nem sequer lá entravam”, explica Rute Santos, secretária geral da APAS Floresta, sublinhando a importância do planeamento e da gestão nas ações de rearborização em minifúndio, sobretudo em florestas improdutivas e abandonadas.

“É importante alinhar a plantação para podermos ter áreas onde a maquinaria possa passar de forma fácil, nomeadamente na execução de limpezas de forma sistemática, facilitando ainda o acesso ao povoamento”, refere a técnica, acrescentando: “O eucalipto é uma espécie florestal bastante produtiva e rentável nesta região do Oeste, mas para se obter produtividades superiores a 200 m3 por hectare é preciso garantir uma boa preparação do terreno, a qualidade da planta, e o acompanhamento da área. No final, os proprietários vão certamente ganhar com o investimento realizado”.

Projeto florestal licenciado

O plano florestal para uma nova plantação precisa ter em conta a caracterização da zona, identificando restrições de utilidade pública e de defesa da floresta contra incêndios. “É importante que os proprietários cumpram rigorosamente todo o processo de licenciamento, até porque este tem uma componente legal, cujo incumprimento prevê a aplicação de coimas”, frisa Rute Santos.

Na parcela de S. Sebastião, atravessada por uma estrada pública e uma linha elétrica de média tensão, foi necessário acautelar as imposições legais para a existência de faixas de proteção (10 metros para cada lado) com a plantação de pinheiro-manso, enquanto o eucalipto ocupou 60% da área da propriedade.

“Só com boa preparação do terreno, planta de qualidade e acompanhamento é que conseguimos ter um povoamento que permita tirar proveitos mais interessantes”, diz Rute Santos.

Feita a preparação do terreno no final do verão, a plantação teve início em meados de outubro, logo após as primeiras chuvas. “As temperaturas são mais amenas no início do outono e, com o solo húmido, é mais fácil a planta enraizar”, explica Manuel Ezequiel, empreiteiro florestal e também produtor de eucalipto na região.

Quanto ao processo de instalação, destaca a importância de seguir a linha e a entrelinha projetadas e acrescenta o segredo para melhor enraizamento das plantas: “Utilizamos a enxada em vez do tubo ou ferro plantador. É mais moroso e até mais caro, mas tem a vantagem de deixar a planta bem assentada e permite corrigir eventuais bolsas de ar no solo, que o tubo não deteta. Se existir uma bolsa de ar no local onde é depositado o torrão, o eucalipto não enraíza e morre”.


O artigo foi publicado originalmente em Produtores Florestais.


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