A produção de vinho em Portugal deverá registar, este ano, “um decréscimo de 20% em volume” e de 20,4% em valor, por comparação com 2024, de acordo com a perspectiva do Instituto Nacional de Estatística (INE), divulgada esta sexta-feira. É a produção “mais baixa da última década”, contextualiza.
Os dados constam da primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura para 2025, agora divulgada no site do INE.
No caso da produção vinícola, o gabinete estatístico justifica a redução por factores climatéricos. Por um lado, “as chuvas intensas e as temperaturas amenas na Primavera favoreceram o desenvolvimento do míldio, reduzindo o número e o peso das uvas”; e por outro, “o calor extremo no Verão causou queimaduras e desidratação dos frutos”.
Todavia, o INE salienta que “apesar da produção ser a mais baixa da última década, espera-se a obtenção de vinhos de qualidade, com níveis de açúcar equilibrados e boa concentração aromática”. A variação prevista para o preço base na produção é para a ocorrência de uma ligeira diminuição de 0,5%.
No caso do azeite, a quebra anual “que abrange parte das campanhas 2024/2025 e 2025/2026”, recorda o INE, deve ser de 9,7% em volume e de 14,2% em valor. Deve-se à “diminuição da produção de azeitona na campanha em curso (2025/2026), em cerca de 20%”. O INE acrescenta ainda que com “a recuperação da oferta mundial, é expectável uma redução do preço do azeite em cerca de 5%”.
Quebra nos subsídios encurta rendimento em 10,7%
Globalmente, a estimativa do instituto estatístico público é que este ano o rendimento da actividade agrícola, medido em termos reais, por unidade de trabalho ao ano, tenha uma variação negativa de 10,7% face ao ano passado. É uma evolução que “não ocorria desde 2022”, diz o INE e segue-se a “dois anos com crescimentos significativos (17,3% em 2023 e 15,2% em 2024).
Para a evolução contribui “fortemente” a “redução nominal dos outros subsídios à produção (-34,3%), que regressam a níveis habituais após o pagamento de um montante elevado destas ajudas em 2024” e um decréscimo de 28,1% na categoria de subsídios aos produtos.
“À semelhança do que é comum acontecer na transição entre quadros comunitários”, justifica o INE, “após a redução inicial em 2023, as ajudas intensificaram-se em 2024 e voltaram aos níveis habituais em 2025”.