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Produção vegetal deverá cair 5,9% em volume e produção animal subir 0,8% em 2020 – INE

O volume de produção agrícola vegetal deverá recuar 5,9% este ano, com os preços base a aumentarem 1,6%, enquanto a produção animal deverá registar uma subida de 0,8% e uma diminuição dos preços base de 1,6%, prevê o INE.

Segundo a primeira estimativa das Contas Económicas da Agricultura divulgada hoje pelo Instituto Nacional de Estatística (INE), o rendimento da atividade agrícola em Portugal deve diminuir 3,3% em 2020, face a 2019, recuando pela primeira vez desde 2011, após oito anos consecutivos de crescimento.

Em 2020, o decréscimo nominal de 4,4% da produção vegetal resulta do efeito conjugado de uma diminuição em volume (-5,9%) e de um aumento dos preços de base (+1,6%), sendo que, “com exceção das plantas industriais e plantas forrageiras, a produção nominal da generalidade das categorias de produtos da produção vegetal diminuiu”.

As estimativas apontam para um volume inferior ao do ano anterior na produção de cereais, com uma descida de 3,4% e para um aumento do preço no produtor para os cereais de 2,5%.

“Apesar das condições meteorológicas de temperaturas e precipitação terem sido favoráveis para o desenvolvimento vegetativo dos cereais de inverno, constatou-se grande variabilidade nas produtividades, o que contribuiu para um decréscimo na produção destes cereais”, nota o INE.

E precisa que, “no caso do arroz registou-se uma redução da área semeada, designadamente em resultado de escassez de fornecimento de água nos terrenos do Vale do Sado”.

Relativamente às plantas forrageiras, perspetiva-se um acréscimo do volume de produção (+11,3%), enquanto a produção de vegetais e produtos hortícolas deverá diminuir em volume (-4,5%), especialmente devido aos hortícolas frescos, em particular no caso do tomate para a indústria (-15,0%), após uma “produtividade historicamente elevada” na campanha anterior.

A produção de batata deverá decrescer ligeiramente em volume (-0,2%), mas os preços no produtor deverão diminuir acentuadamente (-23,4%).

O INE explica que, “apesar da boa qualidade dos tubérculos, o comportamento dos preços reflete as dificuldades de escoamento para o canal Horeca (hotéis, restaurantes, cafés) e exportação, provocadas pela situação pandémica”.

Já nos frutos perspetiva-se um decréscimo em volume de 10,9%, devido, fundamentalmente, à evolução da produção de frutos frescos (-15,2%), uvas (-5,0%) e azeitonas (-8,4%), destacando-se as diminuições na maçã e pera (-25,0% e -35,0%, respetivamente), na sequência de condições meteorológicas desfavoráveis.

O instituto refere que, na maçã, “a redução na produção foi mais notória pelo facto de a campanha anterior ter sido excecional”, enquanto na pera “esta foi a campanha menos produtiva da última década”.

Em sentido inverso, é expectável um aumento “ligeiro” nos citrinos (+0,3%) e um crescimento “mais pronunciado” nos frutos tropicais (+4,9%), sendo de notar que as estimativas para citrinos e azeitonas para azeite se referem a ano civil e não ao ano campanha.

Os preços de base deverão registar um aumento de 6,7%, destacando-se a cereja (+59,8%), a amêndoa (+18,7%) e os citrinos (+23,7%). Em sentido oposto, salienta-se a redução do preço da castanha (-20,0%).

Em relação ao vinho, é esperada uma menor produção em quantidade (-5,0%), mas a perspetiva em termos qualitativos é boa (vinhos equilibrados quanto ao grau de acidez, teor alcoólico, aroma e cor).

Já quanto ao azeite, as previsões apontam para um decréscimo de produção em volume (-9,7%) e um aumento dos preços de base (+2,1%).

De acordo com o INE, este cenário de produção para o ano civil de 2020 resulta da combinação de duas campanhas com diferentes níveis de produção: “Na campanha atual (2020/2021), já por si de contrassafra (menor produção), a precipitação e as elevadas temperaturas na altura do vingamento dos frutos e os prolongados períodos quentes e secos no verão provocaram uma menor produção de azeitona”, explica.

Para a produção animal, a estimativa é de um “ligeiro acréscimo” em volume (+0,8%) face a 2019, e de um decréscimo dos preços de base de 1,6%, resultando numa diminuição nominal de 0,8%, para a qual contribuem fundamentalmente os suínos (-3,4%), os ovinos e caprinos (-4,2%) e as aves (-3,6%).

No que respeita aos bovinos, antecipa-se um acréscimo em volume (+6,6%), em consequência do aumento dos abates, quer de vitelos quer de bovinos adultos, e um decréscimo dos preços de base (-2,8%).

“Apesar da situação pandémica, no primeiro semestre do ano houve, por parte da distribuição, maior escoamento de vitelos e novilhos nacionais, o que ajudou a compensar a diminuição do consumo ao nível da restauração. Por outro lado, a possibilidade de exportação para o mercado externo manteve-se, sobretudo de bovinos vivos, cuja exportação entre janeiro e setembro registou um aumento em relação ao período homólogo (+14,9%)”, refere o instituto.

Já o mercado de vacas “foi o mais afetado pela pandemia, uma vez que muitas carcaças destinadas à indústria eram exportadas para países europeus e esse mercado tem-se mantido muito reduzido”.

Os suínos deverão, por sua vez, registar decréscimos em volume (-2,0%), dada a redução de abates de leitões e porcos para engorda, e os preços de base deverão recuar 1,4% refletindo a redução da procura nacional.

O INE explica que a pandemia “teve especial impacto ao nível do consumo de leitão, especialmente afetado pelo encerramento da restauração”.

Ainda assim, as exportações de suínos entre janeiro e setembro de 2020 registaram um aumento homólogo no volume de suínos vivos exportados (cerca de +54,3%) e de carne de porco (cerca de +45%), em particular para países asiáticos.

No que se refere às aves de capoeira, prevê-se um decréscimo do volume de 1,0% devido à menor produção de frango e de pato, “em resultado da redução da procura, dada a situação conjuntural da restauração, com naturais implicações no comportamento dos preços (-2,6%)”.

Para a produção de leite, o INE estima um crescimento em volume de 1,6%, notando que, apesar da alteração dos canais de distribuição dos produtos lácteos em situação de pandemia, foi possível manter os níveis de consumo.

Em 2020, as previsões apontam que o consumo intermédio deve apresentar um “ligeiro acréscimo” em volume e valor (+0,4%) e os preços não deverão alterar-se.

“Apesar de se verificar um aumento nominal na maioria das rubricas, este foi atenuado pelos decréscimos na energia (-3,8%) e nos outros bens e serviços (-3,3%)”, explica o INE.

Relativamente aos subsídios pagos, estima-se que em 2020 atinjam um valor superior ao do ano transato (+5,1%) e o segundo valor mais elevado desde 2000, com os subsídios aos produtos a aumentar 11,6% e os outros subsídios à produção a subirem 3,6%.

Contas Económicas da Agricultura 2020 (CEA) – 1.ª estimativa: Rendimento da Atividade Agrícola deverá decrescer 3,3% em 2020


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