Produtividade florestal e diversidade: o perfil único da floresta portuguesa

Com valores elevados de produtividade potencial e uma das maiores percentagens de floresta protegida na Europa, as florestas portuguesas apresentam características favoráveis à produção e habitats diversos que importa proteger.

Os recursos naturais da região mediterrânica permitem que esta seja um hotspot de biodiversidade e um dos habitats naturais mais ricos do mundo. O clima – caraterizado por temperaturas amenas, invernos com chuva e verões quentes e secos – possibilita períodos de crescimento prolongados que levam a que a produtividade florestal potencial seja elevada. Pela sua posição geográfica, os ecossistemas florestais portugueses destacam-se pela sua produtividade e matriz de biodiversidade.

Como consequência destas circunstâncias favoráveis, várias espécies florestais plantadas no nosso país, como o pinheiro-bravo (Pinus pinaster), pinheiro-manso (Pinus pinea) ou o eucalipto (Eucalyptus globulus) em Portugal Continental, ou a criptoméria nos Açores (Cryptomeria japonica), apresentam valores elevados de produtividade florestal potencial.

Produtividade primária líquida (PPL) dos ecossistemas europeus

Fonte: Center for Sustainability and the Global Environment

Produtividade florestal média por espécie, em Portugal
(m3/ha/ano)

Fonte: Matriz estruturante do valor da floresta (DGRF 2007)

Entre 20 e 22% de floresta protegida em Portugal

De acordo com o Perfil Florestal (versão de janeiro de 2021), as florestas no continente ocupam 22% da Rede Nacional de Áreas Protegidas (RNAP), sendo que 20% dos povoamentos florestais e 23% dos matos são enquadráveis na Diretiva Habitats e 73% estão num estado de conservação médio ou bom.

As principais conclusões do IFN6 destacam que os habitats mais representados nas áreas florestais são os montados de sobro e azinho (habitat 6310), os bosques de sobreiro (habitat 9330), os carvalhais (habitat 9230) e os azinhais (habitat 9340).

Em 2015, segundo o State of Europe’s Forests 2020, existiam 49,3 milhões de hectares de floresta protegida na Europa, 23,6% da área florestal reportada. Destes, 31,2 milhões ha (15%) estavam classificados com o objetivo de proteger a biodiversidade e 18,2 milhões ha (9%) para proteger paisagens e elementos naturais específicos. Os países com maior percentagem das suas florestas em áreas protegidas são: Moldávia (100%), Alemanha (81,1%), Países Baixos (59,5%), Eslováquia (43,7%), Itália (44,8%) e Hungria (42,5%). Portugal tinha, em 2015, 20% da sua área florestal protegida.

Floresta sob regimes de proteção

Fontes: State of Europe’s Forests 2020 (SoEF2020); Global Forest Resources Assessment 2020 (FRA2020)

Por espécie, os povoamentos de pinheiro-bravo são os que concentram uma maior área na Rede Nacional de Áreas Protegidas: 51 mil hectares (o que corresponde a 7% da área total da espécie). Seguem-se a azinheira, com 25 mil hectares (7% da área total da espécie), e o eucalipto, com 18 mil hectares (2% da área total). Os dados são do 6.º Inventário Florestal Nacional.

As florestas portuguesas – quer sejam de conservação ou de produção – têm também um papel importante a desempenhar em termos de ação climática, devido à capacidade de sequestro de carbono dos ecossistemas florestais. Nesse sentido, o relatório sumário do IFN6 destaca o pinheiro-bravo como a espécie florestal com maior acumulação de biomassa total e, por consequência, maior quantidade de carbono armazenado. Seguem-se os eucaliptos e os sobreiros.

O artigo foi publicado originalmente em Florestas.pt.


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