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Produtor de cereja do Fundão aposta em estufas para proteger a fruta do mau tempo

Um produtor de cereja do Fundão instalou estufas em sistemas de túnel ao longo de quatro hectares de cerejal, numa aposta pouco comum nesta fruta, mas que a protege contra a chuva e o mau tempo e garante a produção.

“Estas estufas são o resultado de anos de intempéries, de anos de arrelias, de anos de perda de fruta precoce e, portanto, procurámos uma forma de colmatar esse problema”, referiu, em declarações à agência Lusa, o produtor e empresário Paulo Ribeiro.

Com cerca de quatro metros de altura e coberturas apropriadas à produção de cereja, este sistema implicou um investimento de 50 mil euros por hectare, totalizando 200 mil euros, até agora.

“Optámos por uma estrutura forte, que nos desse garantias de suportar ventos fortes e que não nos desse, depois, outras dores de cabeça”, disse, lembrando que na região esta é a primeira vez que se aposta em produção de cereja sem ser a céu aberto.

Com mais de 80 hectares de cerejeiras plantadas, Paulo Ribeiro instalou as coberturas em quatro hectares, onde as árvores crescem protegidas, o que permite que a fruta não seja destruída quando há situações de mau tempo, como a chuva muito intensa, o granizo ou até a até neve, como ocorreu em 2020.

De resto, este produtor lembra que no ano passado teve grande parte da produção “arruinada”, sendo que 28 das 60 toneladas que conseguiu colher foram provenientes das estufas.

“A grande vantagem que temos com este investimento é o facto de se poder garantir a produção regular, desde as primeiras semanas de maio e independentemente de estar a chover ou não”, acrescentou.

Uma realidade que já contribuiu para a decisão de aumentar a área coberta para as variedades mais precoces, dado que nas restantes os riscos são mais reduzidos.

Para já, este produtor tem previsto aumentar os túneis de proteção em mais seis hectares do mesmo pomar, num investimento de 300 mil euros, que deve estar concretizado no próximo ano.

Além disso, tem ainda plano para outro tipo de coberturas, sendo que, no total, e na soma de dois pomares, o objetivo de Paulo Ribeiro é chegar aos 24 hectares de plantação coberta.

“É uma aposta ganha, mas também é uma aposta muito cara e temos de ter noção disso”, disse, frisando a falta de apoios do Estado nesta matéria e lembrando a importância de alterar esse paradigma para ajudar a proteger a agricultura e as culturas das condições climatéricas adversas que são, cada vez mais, frequentes.

O Fundão, no distrito de Castelo Branco, é considerado como uma das maiores zonas de produção de cereja a nível nacional.

De acordo com um levantamento feito pela autarquia, a fileira da produção de cereja neste concelho (que inclui subprodutos e negócios associados) já representa mais de 20 milhões de euros por ano na economia local.

Para segunda-feira, às 11:00, está marcado o leilão das primeiras cerejas do Fundão, que marcam o arranque simbólico da campanha.


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