[Fonte: Aprolep] A APROLEP, Associação dos Produtores de Leite de Portugal, quer tornar público um veemente protesto perante o anúncio da proibição de carne de vaca nas cantinas da Universidade de Coimbra a partir de janeiro de 2020 e manifestar solidariedade a todos os criadores de bovinos em Portugal.
É incompreensível que o Reitor de uma universidade com setecentos anos de história queira banir um alimento com milhares de anos e que terá contribuído para o desenvolvimento do cérebro dos nossos antepassados. “Ficámos espertos porque comemos carne”, foi uma afirmação recente do respeitado patologista Sobrinho Simões, em entrevista. Não queremos um retrocesso baseado no programa de proibições de uma minoria ativista e barulhenta.
A carne não é o principal produto das nossas vacarias, mas a venda ou engorda dos vitelos machos e das vacas após o fim da vida produtiva é um complemento fundamental, quando o preço do leite está abaixo do custo de produção. As nossas vacas são criadas com cada vez mais cuidados de bem-estar animal e alimentadas com 80% de alimentos produzidos nas terras que cultivamos. Os restantes 20% incorporam subprodutos da indústria alimentar que o ser humano não consegue digerir e que doutra forma seriam desaproveitados. O nosso trabalho é baseado na experiência de gerações e apoiado e orientado por agrónomos, zootécnicos e veterinários que estudaram nas Universidades e nos aconselham com base na investigação e na melhor evidência científica.
Portugal importa quase 50% da carne bovina que consome. Quem se preocupa com a pegada ecológica dos alimentos pode começar por escolher carne nacional, sem consumo de combustíveis na importação e baseada na pastagem ou cultivo de terras que de outra forma ficariam abandonadas, sendo pasto privilegiado para incêndios que, além do perigo de vida para as populações, são uma enorme libertação de carbono para a atmosfera.
Nós, os produtores de leite e técnicos que restamos e resistimos às crises, somos descendentes de outros produtores e técnicos que, no passado, com estudo, investigação e trabalho, foram capazes de contrariar os profetas da desgraça que previam que a humanidade morreria à fome perante o aumento da população. Não ignoramos as alterações climáticas. Como agricultores, seremos os primeiros a sofrer. Faremos a nossa parte para que a agricultura e pecuária sejam parte da solução, mas precisamos da massa cinzenta das Universidades para sermos mais eficientes numa agricultura de precisão. E esperamos que estudantes e professores possam ter uma alimentação completa, equilibrada e variada, sem falta de ferro e vitamina B12, que permita estudar, investigar e decidir com bom senso.