A recente invasão da Rússia à Ucrânia expôs de forma visível a enorme dependência que o nosso país tem não só na importação de cereais, como da energia.
Se por um lado temos a necessidade urgente de aumentar a nossa produção de milho grão, por outro o descontrole que se vive ao nível do aumento dos custos dos fertilizantes, dos combustíveis e da energia está a causar uma enorme apreensão nesta nossa fileira.
Na realidade, no último ano, os factores de produção aumentaram de forma totalmente impensável, duplicando o seu valor no caso dos fertilizantes, da energia e dos combustíveis e triplicando no caso do gás natural.
Esta situação, longe de estar estabilizada, revela-se para nós, produtores de milho extremamente angustiante, pois não temos qualquer garantia do preço que a energia possa atingir ao longo do período de rega, nem sabemos, tão pouco, qual o valor de comercialização do nosso milho no momento da colheita.
Face a esta realidade, a ANPROMIS mobilizou-se tanto ao nível nacional, como através da sua Confederação Europeia (CEPM) para que seja atribuída uma ajuda por hectare que possibilite, pelo menos em parte, minimizar o aumento exponencial dos custos de produção.
Deste modo, acolhemos com especial agrado as notícias vindas a lume nos últimos dias na Comunicação Social, que referem que na semana passada a Comissão Europeia propôs uma medida excepcional para permitir aos Estados-membros pagar um montante fixo único aos agricultores afectados por aumentos dos custos dos factores de produção.
Perante esta informação, os produtores nacionais de milho vêm por este meio reafirmar a importância desta medida que ao que sabemos já foi inclusivamente implementada noutros Estados-membros, como é o caso da Polónia.
Do mesmo modo e ao nível do gás natural que, recordamos, é utilizado pelas Organizações de Produtores na secagem do grão de milho, de forma muito intensiva durante os meses de setembro a novembro, o seu valor mais do que triplicou no último ano (+355%). Face a esta realidade, que muito penaliza esta nossa fileira, e tendo o Governo, em boa hora, aprovado o Decreto-Lei 30-B/2022 que estabelece um “sistema de incentivos à liquidez das empresas especialmente afetadas pelo aumento acentuado do preço do gás natural”, revela-se também de elementar justiça que as Organizações de Produtores de Cereais sejam incluídas neste pacote de apoios.