Produtos DOP/IGP da região de Trás-os-Montes em Análise: Primeiros resultados de Projecto de Investigação – Manuel Luís Tibério

Os produtos agro-alimentares da região de Trás-os-Montes, beneficiários de protecção comunitária (Denominação de Origem Protegida e Indicação Geográfica Protegida), no âmbito do Regulamento (CEE) 2081/92 de 14 de Julho foram o objecto do Estudo “Estratégias para a Valorização dos Recursos Endógenos Agro-Alimentares da região de Trás-os-Montes e Alto Douro – O Caso do Sector dos Produtos Agro-Alimentares Tradicionais Beneficiários de uma Protecção Comunitária”, realizado no âmbito do Projecto PAMAF – Estudos Estratégicos.

CARNE DE BOVINO CRUZADO DOS LAMEIROS DO BARROSO A DRATM (Direcção Regional de Agricultura de Trás-os-Montes e Alto Douro) foi a entidade promotora do Projecto de Estudo.

O desenvolvimento científico e técnico deste projecto de investigação foi da responsabilidade de uma equipa de docentes/investigadores do Departamento de Economia e Sociologia da Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro (UTAD), constituída pelo Prof. Dr. Artur Cristóvão, Eng. Luis Tibério e Dr. Mário Teixeira.

De uma forma global, o Estudo compreende a análise de três pilares fundamentais da fileira de produção dos produtos com designação protegida: o Segmento Produtores (diferentes agentes económicos e sociais envolvidos na dinamização das menções protegidas), o Segmento Distribuidores e o Segmento Consumidores.CHOURIÇA DE CARNE DE VINHAIS

Os objectivos gerais podem sintetizar-se da seguinte forma:

avaliar a importância socio-económica dos produtos com designação protegida em Trás-os-Montes e Alto Douro e estudar o funcionamento das respectivas designações protegidas;

caracterizar e avaliar a experiência dos canais de distribuição, na comercialização deste tipo de produtos e

analisar o comportamento, as experiências de compra, as preferências e o valor atribuído pelos consumidores portugueses aos produtos DOP/IGP.

QUEIJO TERRINCHO – DOP O Relatório Final do Estudo foi concluído e apresentado em Setembro de 2001, encontrando-se em fase de revisão. Os primeiros resultados foram publicamente apresentados no passado dia 12 de Abril, no II Seminário: Investigação e Desenvolvimento Local, promovido pelo Departamento de Economia e Sociologia da UTAD e podem sintetizar-se da seguinte forma:

Os sectores da produção (animal e vegetal) que suportam os produtos com designação protegida em Trás-os-Montes evoluem de forma diversa: As produções bovina, ovina, caprina, suína e apícola perdem importância social e económica na região. Explorações e efectivos animais registam decréscimo significativo. A produção ovina é aquela que regista algum dinamismo. SALPICÃO DE VINHAISO sector da suinicultura regista evolução menos negativa nas áreas geográficas das menções protegidas existentes, Presunto de Barroso e Salpicão e Linguiça de Vinhais). No sector vegetal, as culturas permanentes estudadas (amendoal, olival e souto) registam evolução bastante positiva. Assiste-se a um aumento significativo da importância social e económica da cultura do olival e, em particular, da castanha;

As 23 designações protegidas existentes em Trás-os-Montes revelam formas de funcionamento e estádios de desenvolvimento diversificados. As designações protegidas do sector da carne bovina, da salsicharia tradicional, do queijo e do azeite revelam algum sucesso e dinamismo. Pelo contrário, no sector da carne de ovino e caprino, do mel e dos frutos secos assiste-se a grandes dificuldades de implantação;

A designação DOP possui elevada notoriedade junto dos canais de distribuição, sendo o Azeite de Trás-os-Montes DOP e a carne Barrosã DOP, as menções protegidas da região de Trás-os-Montes mais comercializadas pelos agentes de distribuição. Os queijos Terrincho e de cabra Transmontano começam a ter alguma notoriedade junto dos distribuidores;

A falta de informação sobre os benefícios associados ao conceito Denominação de Origem Protegida (DOP) é a principal razão para que o selo DOP não seja, ainda, correctamente percepcionado pelo consumidor;

Acções de formação/informação orientadas para as Entidades Gestoras das designações protegidas, divulgação dos benefícios dos produtos com protecção comunitária (DOP/IGP/ETG), junto dos consumidores, acções de promoção dirigidas aos canais de distribuição e agregação da oferta regional deste tipo de produtos são apontadas como aspectos fundamentais a considerar para resolver algumas situações de falta de dinamismo das menções protegidas e de dificuldade de implantação comercial do produto.

Mais pormenores sobre este estudo e outros trabalhos que os autores têm vindo a desenvolver na área da valorização dos produtos agro-alimentares tradicionais, podem ser solicitados directamente aos autores (acristov@utad.pt, mtiberio@utad.pt , mteixeir@utad.pt) ou consultar o site http://www.origin-food.org

Manuel Luis Tibério
UTAD/DES


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