Ter a oportunidade de produzir no Alqueva, é ter a oportunidade de ajudar a escrever um pouco do futuro da agricultura em Portugal. Não há dúvidas do impacto da construção da albufeira. É um novo paradigma para a produção nacional.
O perímetro de rega do Alqueva traz consigo inúmeros desafios aos produtores. Por um lado, será necessário mudar a forma de produzir as culturas tradicionalmente já desenvolvidas na região, pelo facto de passar a existir água disponível. Por outro lado, abre-se a possibilidade de produzir novas culturas, por exemplo hortícolas, que eram praticamente inexistentes na região.
Esta “revolução” está em curso. A chegada da água está a revelar o potencial de produção da região. Este novo cenário trouxe novos players e novas oportunidades. A região está a atrair produtores, organizações de produtores e indústrias. E ainda bem!
A água faz com que tudo tenha de ocorrer mais depressa e para que se possa fazer bem feito é necessário que haja cada vez mais massa crítica e capacidade de trabalhar em conjunto, quer entre produtores, quer entre produtores e a indústria/distribuição.
Nesse particular, as organizações de produtores terão um papel determinante.
A AGROMAIS, organização de produtores da região da Golegã, tem provas dadas na capacidade de juntar produtores, dar-lhes escala e capacidade negocial com a indústria. Desde que foi criada, há mais de 25 anos, foi capaz de criar muito valor aos cerca de 2.000 agricultores da região e é apontada, por muitos, como um exemplo de modelo de agregação da produção. Esta experiência é um ativo invejável.
Foi com este espírito e com o conhecimento adquirido que a AGROMAIS iniciou um projeto na região do Alqueva. Hoje, temos conseguido alargar o número de produtores na região de Alqueva que valoriza o facto de estar associado a uma organização de produtores como a AGROMAIS, garantindo sobretudo que se possa ter uma maior capacidade de negociação e de intervenção junto de clientes e fornecedores, beneficiando de uma estrutura sólida, quer do ponto de vista técnico, logístico e/ou financeiro.
Os produtores “contemplados” com a possibilidade de utilizar água de rega do Alqueva nas suas culturas, têm ainda um longo caminho pela frente e um duro trabalho no desenvolvimento da região, porque muito ainda está por fazer. Mas não tenho a mínima dúvida de que com as suas capacidades produtivas e de trabalho, e com o apoio certo, seremos mais fortes amanhã do que somos hoje.
Winston Churchill, ex-primeiro-ministro Inglês, afirmou um dia: “a história será boa para mim, pois faço questão de a escrever.” Creio que nenhuma outra frase elucida tão bem a realidade vivida hoje em dia pelos produtores agrícolas do perímetro de rega do Alqueva.
Guilherme Santos
Departamento Técnico da AGROMAIS – Entreposto Comercial Agrícola, C.R.L