O Governo e a Ministra da Agricultura continuam a enxofrar tudo com a “publicidade enganosa” do tal “oásis” que, segundo essa propaganda, é – ou será – o sector agro-alimentar do nosso País.
E ele é um corrupio a darem a cara pelo grande agro-negócio, pelas maiores empresas do “import-export” e pelos maiores proprietários (absentistas).
Claro que, entretanto, Ministra da Agricultura e Governo continuam a (des)governar como se fossem meros executivos desses mesmos grandes interesses económicos mais ou menos parasitários ou predadores dos recursos naturais (água – solos – sementes – espécies e raças autóctones – biodiversidade – ecossistemas) e de grande parte dos subsídios supostamente destinados à Agricultura Nacional. Apenas algumas das cadeias dos hipermercados se mantêm “mal agradecidas”, pelo menos enquanto o Governo não desistir de lhes aplicar uma tal “taxa de segurança alimentar”… ou que a façam repercutir sobre fornecedores e consumidores.
De facto, esse é o tipo do (des)Governo que nos rege, e esse é o núcleo duro dos mandantes das políticas agro-alimentares (e florestais) que nos aplicam, com um “sorrisinho nos lábios” mas sem dó nem piedade… E longo, e muito penoso, vai já o nosso calvário !
Em conversas oficiais e oficiosas contam-nos estórias repetidas de auto-suficiências vagamente alimentares; em aumento de produtividades e de exportações (mais ou menos “exóticas”); em recuperar a Floresta dos incêndios e do “abandono”; em aplicar os fundos comunitários todinhos; etc, etc. É a tal teoria oficial e oficiosa do “oásis”…
Porém, tais “profetas de turno” não vêem a ruína da Agricultura Familiar e do nosso Mundo Rural; fazem de conta que não cortaram já 300 milhões de euros de apoios públicos – nacionais – ao PRODER e que vai ser cortado mais ainda (no mínimo, vamos ter menos 700 milhões de euros), no “futuro” PDR, 2014 – 2020. Programas que, aliás, parece quererem passar a executar tipo “dois em um” precisamente para manipularem as respectivas taxas de execução física e financeira; esquecem que devem na ordem de 20 milhões de euros aos Produtores Pecuários pela comparticipação pública nos custos da Sanidade Animal; ignoram que 95% do total dos apoios financeiros públicos (comunitários e nacionais) foram e vão parar ao bolso de, apenas, 5% dos grandes “beneficiários”, o acima caracterizado e restrito “clube dos ´agricultores´ ricos” do País ( a maior parte do quais, depois, nem sequer cá paga impostos). Desconhecem que o défice da balança de pagamentos agro-alimentar se mantém na ordem dos 3 500 milhões de euros ao ano (e são números oficiais)… Não querem saber da extrema dependência do nosso País, em relação ao estrangeiro, em matéria de Cereais e de componentes de Rações para alimentação animal, e também já de Carne; parece que desconhecem os baixos preços à Produção e os preços especulativos, e agravados pela carga fiscal brutal, dos principais factores de produção… Pretendem fazer-nos esquecer que a única medida que de facto destinam especificamente aos pequenos e médios Agricultores, são as novas regras fiscais para os colectarem, fiscalizarem, tributarem e finalmente eliminarem. E quando falam na Floresta e em recuperá-la ou em protegê-la dos incêndios, também se percebe que trabalham – que nos “trabalham” – a mando das celuloses e de outras grandes empresas da fileira…
Pois, pois, desgraçadamente, esta é a dura e impiedosa realidade que não cabe no tal “oásis” oficial…
Já agora, se houver algum “oásis”, também é à custa da sobre-exploração (des)humana !
Estamos fartos, e estamos revoltados, ao saber que dos tais “competitivos”, muitas das empresas do grande agro-negócio, afinal servem-se de imigrantes e de migrantes que são brutalmente explorados no trabalho, por norma através do expediente fornecido por outras empresas de “empreiteiros” (nacionais e estrangeiros), assim como se fossem os “negreiros” (esclavagistas) dos tempos actuais. Piamente, a comunicação social tem revelado um inexplicável pudor em revelar os “nomes” quer desses “negreiros” quer dos patrões-proprietários das explorações que lhes sub-contratam mão-de-obra quase escravizada !…
Mas, atenção que não são “só” os romenos ou os ucranianos ou os tailandeses e outros imigrantes “importados”, pelo sistema, tão à bruta quanto permissivamente. Atenção que também há milhares de assalariados portugueses que estão a trabalhar “no negro” e a receberam 20 ou 30 euros por um dia de trabalho (com 12 horas em cima e a comer por conta própria) em muitas explorações dos tais “competitivos” – de que este Governo tanto gosta – e seja isto nas Beiras, no Minho ou no Douro !
Senhora Ministra e outros “profetas do oásis”: – limpem-se a estes guardanapos…
Temos presente a muito recente oração dominical do “Angelus” em que o Papa Francisco – apela para o fim dos “mercados de carne humana” que escravizam os imigrantes. Obviamente que nesses “mercados” cabem todos os trabalhadores (quase) escravizados como também está a acontecer em certos “oásis” dentro de Portugal.
Temos presentes recentes declarações do (quase) Cardeal Patriarca da Lisboa em que este chama a atenção para as migrações desumanizadas a que é necessário pôr fim “para se chegar a um desenvolvimento que respeite a dignidade das pessoas” – como afirmou.
Pois então, Senhora Ministra da Agricultura e outros “profetas” dos enganosos “sinais de retoma”, e dos nossos desgraçantes “oásis”:- limpem-se a estes guardanapos que nós não podemos ignorar estarem tingidos pelo sangue, pelo suor e pelas lágrimas dos inocentes, afinal das vítimas das Vossas políticas agro-rurais (de entre outras)!
Sim, são tantos e tão mauzinhos os vossos “pecados” que já não têm perdão !…
João Dinis